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Tarrafal debate as cores do município!
Colunista

Tarrafal debate as cores do município!

Excelênte, Tarrafal!

Estamos conscientes que o firmamento da liberdade dá nova plumagem às asas e consigo eleva o vôo, convertendo espíritos aprisionados em seres pensantes e falantes, capazes de ordenar e expôr ideias num quadro ajustado às necessidades de seu Povo, Território e Administração.

A recuperação da cor original no edifício da sede municipal em Tarrafal de Santiago, substituindo o azul introduzido há oito anos, gerou um debate interessante, provando dois factos a considerar:

I. Nossa sociedade é atenta, tem voz e está ativa

Em 20I2, sensivelmente, quando o edil, José Pedro Soares, experimentou o azul nas paredes do edifício da sede municipal, cobrindo a cor “Bege” original, a reação, quer política, como social-civil, foi pacífica, como quem diz: “Porque não, variar um pouco, afinal, o azul é nosso, cobre nossos céus e mares e está estampada na nossa bandeira”.

Entretanto, oito anos se passaram e a memória do jovem que hoje conta dezoito primaveras, apenas tinha dez e já não se recorda da cor original do edifício, o que o leva a perguntar, porquê a mudança de cor? ... e quando a oposição política lhe diz, politiqueiramente, que "Bege é amarelo"- , a confusão é ainda maior a ponto de provocar nele vários sentimentos, diria, até, capaz de tornar um jovem inteligente em ignorante. Assim, identificamos um segundo facto.

Mas, antes de passarmos ao facto II, vamos aqui transcrever o resultado de uma breve pesquisa da internet sobre a cor “BEGE”: “O bege é uma cor próxima ao branco. A palavra se origina do francês beige, 'sem cor', termo que historicamente se aplicava à cor natural da lã ou a qualquer tecido ainda não tingido nem alvejado. Há quem diga que se aproxima do amarelo, nas tonalidades bem claras ou das tonalidades mais claras da cor marrom”. (fim de citação)

II. Temos um défice de registo da nossa memória colectiva

Temos encorajado, insistente e conscientemente, as pesquisas do Professor Carlos Ferreira Santos, cuja compilação e publicação a seu tempo, tratá ao município de Tarrafal, um importante e singular instrumento de consulta da nossa memória histórica e coletiva, patrimonial e social, política e administrativa, desde os idos tempos dos descubrimentos, até à nossa independência nacional e desta, aos presentes dias. Eis o instrumento que faz falta a Tarrafal, para que as “discussões” de praça e nas redes sociais - que por vezes nem chega a ser “debate”, pois as opiniões se infundam em factos ou fontes de expeculações e repetições de frases feitas em circulos políticos com propósitos bem definidos, revestidos de fantasia intelectual, cuja ingenuidade do povo e activistas/militantes, continuam a carregar que nem veneno de distruição de nossa coletividade, de nosso pensar comunitário inteligente, de nosso “djunta mó”, enfim, estão a dar cabo de nossa originalidade, transformando-nos num “produto de povo” frágil, dividido, de facil corrompimento, capaz até de sair à caça de seu irmão, matá-lo e trazer sua cabeça para provar o nada e a “miséria que ainda muitos dão sinal de querer continuar a carregar com muito orgulho.”

Precisamos seguir as pisadas e o exemplo do Professor Ferreira Santos, abraçar e retomar o projecto universitário para Tarrafal e fazer todo nosso potencial entrar na rota mundial dos estudos académicos e assim passarmos a debater com nível, crédito e autoridade, pois teremos positivado nossa memória e nossos arquivos e acervos, certamente, serão procurados por estudiosos do mundo inteiro. Tarrafal tem muito que contar ao mundo!

AFINAL, QUAL É A COR DO EDIFÍCIO DA SEDE MUNICIPAL DE TARRAFAL?

O Concelho do Tarrafal foi criado no ano de 1917, através do Decreto-lei nº 3108 – B de 25 de Abril, publicado no 3º suplemento do Boletim Oficial nº 25/1917, desintegrando do Concelho de Santa Catarina que tivera já a sua sede na Vila do Tarrafal em 1912. Nossas pesquisas não nos precisam o ano exato em que foi erguido o edificio da sede municipal, entretanto, podemos deduzir que tenha sido entre 1910 e 1920.

Quanto à cor aplicada após a construção, também, ainda, não podemos precisar. No entanto, segundo - Lopes Vieira, Nho Né - sabemos que o administrador Tadeu do Carmo Monteiro, natural da ilha do Fogo, que tivera duas passagens por Tarrafal, sendo a primeira em 1933, como secretário Municipal, conforme nos conta, -– diziamos, Tadeu Monteiro em 1943/44, sencivelmente, enquanto administrador, manda pintar o edifício da sede Municipal de Tarrafal com a cor Bege, para nunca mais ser trocada até 2012, quando é substituido pelo azul que ora acaba de dar novamente lugar à cor bege Original - cujo, critério fundamental, presumimos, estar relacionado com a uniformização da cor do palácio do Governador da Praia, hoje Câmara Municipal da Praia, cujo bege ainda se mantém.

Dizem os especialistas da pintura, que a tonalidade bege institucional original, hoje não se encontra disponível no mercado, razão pela qual entendemos que os vários edifícios do Estado e dos paços dos concelhos, tenham tonalidades diferenciadas, quando postas à comparação e o do Tarrafal, não foge à regra.

CONCLUSÃO

1. Tarrafal recupera sua cor orginal para o edifício de sua sede municipal, instituido desde a década de XL;

2. Podemos e devemos aprofundar este e outros debates sobre Tarrafal, na certeza de que devemos inteligênciar as abordagens e blindar-nos de toda espécie de ameaça, proteger nossas fraquezas, potencializando nossas forças, reconhecendo e transformar as oportunidades em capital disponível e consumível na tarefa da satisfação de nossas necessidades.

3. Sim, vamos continuar a debater Tarrafal!

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