• Praia
  • 29℃ Praia, Cabo Verde
Cooperação deve envolver o poder local e o setor privado
Colunista

Cooperação deve envolver o poder local e o setor privado

A divida pública ou soberana de Cabo Verde é elevada, porque o país assujeitou-se a um determinado instrumento de cooperação, chamado de - projetos de “ajuda reembolsáveis” - exemplo claro de uma prática de cooperação que acaba por aumentar as dívidas dos países pobres do Sul com as potências do Norte, “forçando-nos” a destinar mais dinheiro ao pagamento de “juros da dívida” limitando nossa margem de manobra... e há pior ainda, o que ouso chamar de “ajuda condicional” à compra de determinados produtos ou serviços por empresas originárias do país doador, que subordina claramente os fins humanitários aos interesses económicos, e espero que o acesso á vacina contra a pandenia do Covid19, que devia ser universal, não se submete a clausula da ajuda condicional.

Os países ricos utilizam a política da “Cooperação Ajuda ao Desenvolvimento”, ao desejo de poderem expandir seus interesses e influencias culturais como potências econômicas e modelo sobre os países do Sul, visando sempre expandir o estilo de vida do “Ocidente” (quem já não ouviu falar do “american way of life”') a outras culturas e outras realidades que não são comparáveis ​​no dia-a-dia ao estilo de vida de “países desenvolvidos”, nem do ponto de vista económico e mormente na realidade sócio cultural onde deviam aprender e conjugar... Aliás culturas são diferentes e nenhuma é melhor que outra.

A ajuda é frequentemente distribuída de acordo com interesses econômicos ou militares que formulam a “Cooperação” como um mero instrumento de influência sobre regiões estratégicas, e não como forma de “cooperar” - palavra-chave - com países com maiores dificuldades dependendo de suas realidades e fraquezas a nível de recursos e de tranferencias de tecnologia...

A cooperação para o desenvolvimento é uma arma “camuflagem”… um verdadeiro investimento de longo prazo por parte dos pressupostos benévolos países doadores, uma falsa generosidade, que compra influencias, suporta regimes corruptos, comporta condições humilhantes, preservando sempre interesses dos doadores, perdão “investidores”… a ajuda, cria dependência, estanca a motivação e a inspiração para criar, trabalhar, imaginar iniciativas novas, tomadas de riscos… Mais ainda todos esses anos de “dependência” não trouxe sucesso concreto ao povo destas ilhas de Cabo Verde, a maioria vive ainda na pobreza e muitos em situação de “desenrasco” e a juventude cabo-verdiana nas nove ilhas habitadas, salvo raras excepções vive olhando com desconfiança para o futuro, estando hoje muito mais incerto  em plena crise sanitária da pandemia do Covid-19 …

Cabo Verde não tem uma “classe empresarial autóctone” forte e produtiva; o essencial da economia, nestas nove ilhas, situa-se no sector “informal”; o transporte de pessoas bens e mercadorias, entre as ilhas habitadas, é, apesar de esforços recentes, deficiente e medíocre; não houve massificação de empregos e grande percentagem da juventude, neste país que é jovem, ensombra-se no desemprego; nem a nossa economia, nem os produtos finais são diversificados ou de alta qualidade; a competitividade de uma maneira geral é fraca e até o Estado, faz concorrência ao privado…

Seremos sempre nós a solução aos nossos problemas. Os outros países nunca saberão debelar a nossa “miséria”, o nosso problema de pais subdesenvolvido. A crise mundial, criada pela pandemia do novo coronavírus, dificulta, mais ainda, o estado das coisas, mas é necessário estabelecer, prioridades, introduzir “transparência” nas administrações centrais e locais e também na classe politica, que não deve confundir “agenda partidária”, com os interesses do país e a missão e o dever de servir a todos os cidadãos, definindo concretamente, as politicas a serem postas na prática e ter sempre a coragem de retroceder caminho, em caso de erros ou insuficiências…

A divida pública ou soberana de Cabo Verde é elevada, porque o país assujeitou-se a um determinado instrumento de cooperação, chamado de - projetos de “ajuda reembolsáveis” - exemplo claro de uma prática de cooperação que acaba por aumentar as dívidas dos países pobres do Sul com as potências do Norte, “forçando-nos” a destinar mais dinheiro ao pagamento de “juros da dívida” limitando nossa margem de manobra... e há pior ainda, o que ouso chamar de “ajuda condicional” à compra de determinados produtos ou serviços por empresas originárias do país doador, que subordina claramente os fins humanitários aos interesses económicos, e espero que o acesso á vacina contra a pandenia do Covid19, que devia ser universal, não se submete a clausula da ajuda condicional.

A vacina contra covid19 é um recurso para salvar “vidas” e que utiliza, a Cooperação Internacional que deveria ser muito “mais vinculativa” e vinculativa entre os países desenvolvidos e seus Compromissos e missão, como entidades ao serviço da “humanidade” promovendo  a melhoria das condições de vida nos países pobres sem recursos, onde as pessoas não vivem em condições dignas sem acesso ao chamado “boa qualidade de vida” e lutam para a sobrevivencia em pleno século vinte  e um, em incertezas de acordo com os tempos em que vivemos..

Apesar dos aspectos negativos, acredito que a cooperação para o desenvolvimento normalizada e bem utilizada é um elemento útil que pode ajudar a aliviar as situações de “déficit humanitário” e encorajar ou acelerar processos de desenvolvimento mais amplos. Cabo Verde não pode descarregar o peso da sua responsabilidade, articulando e instalando seu próprio  processo de desenvolvimento, que não deve ser nunca caminho para construir qualquer aposta estratégica outra que criar condições de boa qualidade de vida em todos os apectos socioeconómicos, ambientais e de saúde para toda a sua população nas nove ilhas e na diáspora.

È verdade que não aposto muito na “Cooperação”, mas  com esta reflexão não critico  sua utilidade nem defendo que nestas ilhas do atlantico médio, não devemos continuar a cooperar, nada poderia estar mais longe da verdade. Mas para evitar o status quo permanente de inalterabilidade da situação “socioeconomica” devemos envolver forças vivas como os governos locais e o sector privado fazendo que a ajuda ao desenvolvimento seja verdadeiramente útil ao povo das ilhas com impacto positivo. Todas as  limitações do “processo” devem ser consideradas e estudadas, procurando sempre conhecer os limites de qualquer projeto de cooperação, bem como compreender as diferentes realidades e intenções nacionais de cada um dos países ou instituições internacionais, identificando bem e sempre as áreas com as quais convem  colaborar sem sacrificar nossa cultura, nosso bem ambiental, bens imateriais, recursos e sobretudo evitar hipotecar o futuro das novas gerações fazendo sempre em todas as circunstancias . "análise objectiva e profunda” de qualquer situação objecto de cooperação e ou da ajuda internacional...

miljvdav@gmail.com.

.

 

 

 

Partilhe esta notícia