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Covid-19. Cabo Verde investiu mais de 1,2 milhão de contos na saúde mas há capacidades que não foram necessárias
Sociedade

Covid-19. Cabo Verde investiu mais de 1,2 milhão de contos na saúde mas há capacidades que não foram necessárias

A covid-19 levou Cabo Verde a investir mais de 11 milhões de euros (1,2 milhões de contos) no reforço do Sistema Nacional de Saúde, mas algumas capacidades, como ventiladores e camas destinadas à doença, não chegaram a ser necessárias, disse o ministro da Saúde.

Em entrevista à agência Lusa, Arlindo do Rosário recordou, desde logo, que quando o primeiro caso de covid-19 foi diagnosticado em Cabo Verde, em 19 de março de 2020, o país ainda não tinha capacidade laboratorial para realizar testes PCR ao novo coronavírus, cujas amostras eram analisadas no exterior.

“Neste momento, temos seis laboratórios, três em Santiago, um no Fogo, um em São Vicente, um no Sal e com a perspetiva de ainda no mês de março termos mais um laboratório de virologia na ilha da Boa Vista”, avançou o ministro da Saúde, recordando que essa rede nacional de laboratórios públicos, que atualmente chega a processar mais de mil amostras por dia, começou com um laboratório de virologia que foi preciso “capacitar”.

Até ao momento, Cabo Verde já testou à covid-19 o equivalente a mais de 45% da população.

Além desse investimento, que ainda está em curso, explicou que foram “recrutados mais de 500 novos trabalhadores para trabalhar na área da covid-19” no Sistema Nacional de Saúde em Cabo Verde, bem como adquiridos equipamentos para os centros de saúde, hospitais regionais (quatro) e hospitais centrais (dois).

Somam-se os custos nos primeiros meses da pandemia com o isolamento institucional de casos positivos, em centros de internamento criados nas várias ilhas especificamente para receber doentes com covid-19.

“No total, entre recursos humanos, equipamentos, isolamentos [internamento de doentes em centros], houve um investimento à volta de um milhão e 230 mil contos [11,1 milhões de euros]” no último ano, garantiu o ministro da Saúde.

Desde o surgimento da pandemia em Cabo Verde, Arlindo do Rosário garante que foram criadas capacidades para garantir um “melhor tratamento e melhor gestão dos casos mais graves”, não só nos hospitais centrais, na Praia e em São Vicente, como nos hospitais regionais no Sal, Santo Antão, Fogo e Santiago Norte.

Além disso, e para garantir a retoma do turismo, responsável por 25% do Produto Interno Bruto do país, mas que está parado desde março de 2020, foram certificadas internacionalmente, ao nível da resposta à covid-19, as unidades de saúde nas ilhas turísticas do Sal e da Boa Vista.

Outro dos exemplos da mobilização feita ao longo do último ano são os ventiladores adquiridos para serem colocados ao serviço do Sistema Nacional de Saúde. Passaram de 14, antes da pandemia, para 72, de vários tipos, atualmente, embora pouco usados.

“Felizmente que não têm sido utilizados na sua totalidade, porque os casos graves, que necessitam de realmente ir para a ventilação assistida, felizmente não têm sido muitos”, reconheceu o governante.

Arlindo do Rosário explicou ainda que os dois hospitais centrais adaptaram os seus espaços para disponibilizarem camas e unidades de cuidados intensivos especificamente para doentes covid-19, mas com uma taxa de ocupação “relativamente baixa”, inferior a 70%.

“Mesmo no momento de pico, em setembro, outubro, a taxa de ocupação de camas nos dois principais hospitais não foi superior a esse valor, de 60-70%”, garantiu o ministro.

Num país com cerca de 550 mil habitantes, distribuídos por nove ilhas habitadas, Arlindo do Rosário destaca que apesar das dificuldades e das consequências da crise sanitária e económica, a pandemia foi também uma “oportunidade para o reforço” do Sistema Nacional de Saúde.

“Temos sabido aproveitar para melhorar a capacidade de resposta, porque os investimentos, nos recursos humanos, nos equipamentos, vão ficar”, disse ainda.

O Sistema Nacional de Saúde em Cabo Verde contava no final de 2020 com pouco mais de 3.900 profissionais, número que em 2015 era de 2.775, segundo dados do Governo.

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