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Concelho de Santa Cruz em retrospectiva
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Concelho de Santa Cruz em retrospectiva

O concelho de Santa Cruz festejou no dia 25 de Julho o dia do seu município, cuja data coincide com os festejos do Santo Padroeiro da freguesia: São Tiago Maior.

A freguesia é das mais antigas da ilha de Santiago.

No século XVI, já figurava entre as sete que compunham a ilha:

– São João da Ribeira de Antónia, provavelmente actual São João Baptista, Santa Catarina do Mato, São Lourenço na Ribeira dos Órgãos, São Miguel Arcanjo, na Ribeira dos Flamengos, Santiago Maior, na Ribeira Seca, São Nicolau Tolentino, na Ribeira de São Domingos e Nossa Senhora da Luz, na Ribeira dos Alcatrazes, com sede em actual Milho Branco.

A criação do concelho de Santa Cruz está ligada à Sociedade Agrícola e Comercial de Santa Filomena-SACOFIL.

Localizada na pequena localidade do mesmo nome, SACOFIL foi constituída em 1957, pelo engenheiro civil Almeida Henriques e o regente agrícola Vasco Pimentel.

Cobrindo uma área de 33 hectares, a empresa iniciou  actividade em 1959. E logo no I semestre de 1960 a exportação ultrapassou os 12 toneladas o que deu a empresa o primeiro lugar na ilha com cerca de 50% da produção total.

Em 1976 foi convertido em “Justino Lopes-EP”, passando a abarcar uma superficie de 66 hectares.

De espírito empreendedor e empolgado pelo seu negócio, Almeida Henriques começou a olhar alto e vislumbrou reivindicar a construção de um Porto na baia de Flamengos para exportação de suas bananas, o que contribuiria para valorizar a sua actividade económica e consequentemente da sua propriedade.

E para conferir legitimadade à sua pretensão, constituiu um grupo por si dirigido e integrado por mais dois elementos locais e propos as autoridades de então provincia de Cabo Verde a criação de um concelho na localidade onde se sedeava a sua empresa agrícola.

A sua pretenção para a criação de um concelho naquela região encontrou uma situação conjuntural favorável que terá pesado na decisão: a necessidade de descongestionar o concelho da Praia que, na altura, integrava as freguesias de Nossa Senhora da Graça, Nossa Senhora da Luz, São Nicolau Tolentino, São Salvador do Mundo, São Tiago Maior,  Santíssimo Nome de Jesus e São João Baptista, delimitada unicamente com os concelhos de Santa Catarina, integrado pela freguesia do mesmo nome, e Tarrafal pelas freguesias de Santo Amaro Abade e São Miguel.

Do levantamento, apurou-se, porém, que o local onde ele pretendia fosse sedeada o concelho não reunia as condições em termos de infraestruturas para a implantação de uma sede administrativa, e decidiu-se pela sua localização na povoação de Pedra Badejo que já era um posto administrativo, chefiado por um chefe de posto residente. 

Almeida Henriques fez, no entanto, finca-pé para que novo município mantivesse a designação “Santa Cruz”, local de suas plantações, visando criar valor ao seu negócio. 

E no intuito de promover o desenvolvimento de actividades e possibilitar as populações contactos rápidos, na sequência do crescimento populacional então a verificar-se, pelo Decreto nº 108/71, de 29 de Março, criou-se o concelho de Santa Cruz, com sede na vila de Pedra Badejo, integrada pelas freguesias de São Tiago Maior e São Lourenço dos Órgãos, até então incoporadas no município da Praia. 

Para compensar a sua extensão, o novel concelho recebeu, como bónus, as localidades de Saltos-Abaixo em São Miguel Arcanjo e Serelho em São Salvador do Mundo que, no entanto, continuaram agregadas nas respectivas freguesias. 

Aproveitou-se então e operou-se arranjos na então estrutura administrativa da ilha de Santiago que ficou constituida por concelhos formados pelas seguintes freguesias:

– Praia. A norte e leste : Nossa Senhora da Graça, Nossa Senhora da Luz, São Nicolau Tolentino, e a sudoeste,  Santíssimo Nome de Jesus e São João Baptista ;

– Santa Catarina : Santa Catarina e São Salvador do Mundo ;

– Santa Cruz : São Tiago Maior e São Lourenço dos Órgãos ;  

– Tarrafal : Santo Amaro Abade e São Miguel.

Posto Administrativo desde 1970, chefiado por um chefe de posto – 1°. Noel Martins da Costa, Nha Ritanga, e 2°. e último  Olívio Vaz Monteiro –, a instalação do concelho só veio a ocorrer no ano de 1973, com a nomeação do corpo administrativo encabeçado pelo administrador do concelho, Manuel Monteiro.

Localizado na parte leste de Santiago, Santa Cruz cobre uma superfície de 149,30 km2, o correspondente a 15,1% dos 991 km2 que constituem a área total da ilha.

Segundo o censo geral de 2010, do Instituto Nacional de Estatistica de Cabo Verde – INECV –, o território municipal de Santa Cruz alberga uma população residente presente  de 26.298 habitantes, o correspondente em termos relativos a 5,43% dos 484.437 que compõem a de Cabo Verde, distribuídos em 9.223 – 35,07% da população total – a habitar zonas consideradas urbanas e 17.075 – 64,93% – em zonas rurais.

De clima árido, tornando-se mais ameno à medida que se avança para o interior – constituindo em micro-clima de altitude – suave nas épocas tanto quente quanto fria,

Pedra Badejo a sede do concelho é o único aglomerado populacional com características de núcleo urbano, existindo outras como Achada Fazenda e Cancelo/Achada Bel-Bel.

De acordo com fontes orais, “Pedra Badejo” tirou a designação do promontório/cabo “Ponta Pedra Badejo”, que dá vista à vizinha ilha do Maio. O cabo, por sua vez, ganhara o nome devido à abundância da espécie do peixe ‘badejo’ que abundava a sua redundância. 

Por força do Decreto-Lei nº 15/2011[1], que “Regula o Estatuto das cidades e define as orientações da política de capacitação de espaços urbanos em Cabo Verde”, a vila de Pedra Badejo ascendeu à categoria de cidade.

À semelhança do que acontece com o resto do país, Santa Cruz não dispõe de recursos naturais que não sejam solos aráveis nas planícies favoráveis à prática da agricultura.

Concelho mais agrícola da ilha de Santiago, a agricultura, que se pratica nas modalidades de regadio e sequeiro, é a principal actividade económica que com o sector da pesca, ocupa cerca de 45% da população activa.

O sector da indústria, entre operários e trabalhadores não qualificados, emprega à volta de 6,1% da população residente.

O concelho tem os olhos postos no futuro, contando com o seu capital humano, que graças ao seu esforço tem vindo a lutar para que o seu municipio venha a conhecer índices de crescimento em vários sectores de actividade e caminhar rumo ao desenvolvimento.

Até porque dispõe de condições para o efeito.

Além da potencialidade agrícola, geograficamente Santa Cruz encontra-se bem posicionado no formato do território arquipelágico cabo-verdiano que, caso for aproveitado, confere-lhe uma posição confortável no quadro do desenvolvimento de Cabo Verde. 

[1] Boletim Oficial da República de Cabo Verde nº 08/2011, I Série, de 21 de Fevereiro;

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Redação