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Mulheres e Desporto em Cabo Verde
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Mulheres e Desporto em Cabo Verde

Em Cabo Verde os papéis de género condicionam o acesso, o benefício e o controlo dos recursos por parte das mulheres seja na esfera da vida pública seja na da vida privada. Os dados demonstram que existem enormes disparidades em desfavor das mulheres, principalmente na área económica: a taxa de desemprego feminino é 17% para 12% do desemprego masculino (Inquérito ao emprego INE/2016), as mulheres representam 51% da população pobre do país (INE, IDRF/2015), os empregos não dignos que não tem qualquer proteção social são os nichos de mercado mais ocupado pelas mulheres, nomeadamente a agricultura, comércio informal e emprego doméstico. A participação das mulheres na política esta aquém do ideal, no Parlamento cabo-verdiano por exemplo, apesar de sermos uma democracia representativa na pratica não corresponde ao real com apenas 23% de mulheres deputadas eleitas. Outrossim relativamente à VBG, uma em cada cinco mulher já foi agredida pelo companheiro, marido ou ex-companheiro ou ex-marido representando uma taxa de 22% de mulheres vítimas de Violência Baseada no Género (INE, IDSR II, 2005). Na esfera doméstica as mulheres e as meninas dedicam mais de 48h semanais do seu tempo com o trabalho não remunerado, ou seja, em tarefas de cuidados com pessoas dependentes (crianças, idosos, pessoas com deficiência) ou outras tarefas domésticas tais como apanha da água, da lenha, limpar a casa, cozinhar, etc. enquanto o tempo dos homens nessas mesmas tarefas é inferior a 24h semanais. A “pobreza de tempo” das mulheres é a base da desigualdade de género que junto com os modelos estereotipados de papéis sociais de mulheres e homens condicionam sobretudo as meninas e mulheres das oportunidades de participação em pé de igualdade com os homens nas atividades públicas como por exemplo a prática de Desporto.

E é nas vivências familiares e comunitárias que se forjam os modelos sociais do que é ser menina ou menino e o que é ser homem ou mulher. Limitando muitas vezes as mulheres de usufruírem dos mesmo direitos e benefícios sociais do que os dos homens. A participação das mulheres no Desporto é uma das arenas da materialização desigualdade de género. O Desporto Olímpico nos seus primórdios vedou a participação das mulheres. As mulheres iniciaram a sua participação nos Jogos Olímpicos em Paris em 1900, quatro anos após o primeiro Jogos da era moderna em Atenas. Apesar da reticência do restaurador dos jogos modernos, Pierre de Coubertin, 22 mulheres de um total de 997 atletas competiram em apenas cinco modalidades: ténis, vela, croquet, hipismo e golf.

Com o fervor dos movimentos feministas ao redor do mundo a agenda da promoção da igualdade de género passou a configurar como um dos principais compromissos do Comité Olímpico Internacional (COI). A Carta Olímpica afirma que um dos papéis do COI é "incentivar e apoiar a promoção das mulheres no desporto em todos os níveis e em todas as estruturas, tendo em vista a aplicação do princípio da igualdade entre homens e mulheres" (regra 2, n. 7). Seu compromisso se estende bem além de seus esforços para aumentar a participação das mulheres nos Jogos Olímpicos. O COI reconhece também que a igualdade de género é uma componente crítica da administração eficaz e continua a apoiar a promoção de mulheres e meninas em todos os níveis e estruturas.

A participação feminina aumentou desde então, com as mulheres contando para mais de 44 por cento dos participantes nos jogos de Londres 2012 e de Rio 2016, em comparação com 23 por cento nos jogos de 1984 em Los Angeles e pouco mais de 13 por cento nos jogos de 1964, em Tóquio. Nos últimos 20 anos, o COI também aumentou o número de eventos femininos no programa Olímpico. Com a adição do boxe feminino, os Jogos Olímpicos em Londres foram os primeiros em que as mulheres competiram em cada modalidade no programa Olímpico

Em Cabo Verde, o Comité Olímpico Nacional (CON) assumiu o compromisso da promoção da igualdade de género e da participação das mulheres no Desporto não só enquanto atletas, mas também enquanto dirigentes das federações desportivas.

A promoção das mulheres no desporto é um imperativo para a promoção da igualdade de género em Cabo Verde, os dados estatísticos dizem que do total de atletas cabo-verdianos federados apenas 24% são mulheres. A nível das direções das Federações 90% dos postos são ocupados por homens.  O CON e o Departamento de Mulheres e Desporto determinaram algumas linhas de intervenção para mudar este cenário: Elaboração de Estratégia de Mulheres no desporto; Advogar para a participação de atletas mulheres e em posições de liderança; Promover os direitos e o bem-estar de mulheres e meninas através do desporto; Promoção do uso do desporto como uma ferramenta para a igualdade de género e empoderamento e conscientização de assédio e abuso no desporto;  Apoio ao desenvolvimento de habilidades das mulheres na gestão e liderança, nomeadamente através de formação, seminários, workshops e orientação.

“Um mundo melhor para as mulheres é um mundo melhor para todos nós”. Phumzile Mlambo-Ngcuka Diretora Executiva da ONU Mulheres.

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Redação