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Cônsul admite violência doméstica e delinquência no seio da comunidade cabo-verdiana nos EUA
Sociedade

Cônsul admite violência doméstica e delinquência no seio da comunidade cabo-verdiana nos EUA

O cônsul de Cabo Verde em Boston, Hermínio Moniz, considera que os problemas mais acentuados da comunidade cabo-verdiana nos Estados Unidos são a violência doméstica, delinquência juvenil e criminalidade.

“A nossa comunidade é bem integrada, mas não escondemos que tem muitos desafios, sobretudo do ponto de vista da delinquência e da criminalidade”, disse à Lusa Hermínio Moniz, cônsul de Cabo Verde na cidade de Quincy (Boston) há mais de dois anos.

Problemas que são comuns a todas as sociedades e que podem ser melhorados com um maior conhecimento da própria origem e uma autoestima mais elevada, sublinha o cônsul, que acrescenta que as associações cabo-verdianas nos Estados Unidos têm feito um “trabalho extraordinário” de prevenção e ajuda.

Um dos motivos para estes problemas sociais, explica Hermínio Moniz, está relacionado com o aumento dos preços das casas em meios urbanos, que obriga muitas famílias com menores rendimentos a mudarem de casa, ou seja, a gentrificação, que põe em causa a presença das minorias nos núcleos das cidades.

“Essa presença, desaparecendo, tem muitos impactos do ponto de vista da criminalidade, do ponto de vista da integração”, comenta o cônsul cabo-verdiano, acrescentando que o impacto é mais sentido pelas crianças e jovens, que podem ter problemas de adaptação.

“Há sempre o problema de adaptação, o problema da partida, sempre o problema da ressocialização” nas novas cidades e novas escolas.

Para lidar com estes desafios, o cônsul propõe “medidas assertivas” como “programas ‘after-school’ (depois das aulas), de valorização de competências e valorização da cultura”, para conseguir uma “melhor integração através das escolas, maior responsabilização dos pais e maior ligação com as associações”.

A juventude precisa de criar referências de sucesso, indica o cônsul Hermínio Moniz, acrescentando que nos dois anos como cônsul nos Estados Unidos, tem tentado transmitir uma imagem de “confiança”, “encorajamento” e “esperança” sobre Cabo Verde.

Hermínio Moniz considera que é importante que os descendentes de cabo-verdianos conheçam a história dos seus antepassados, “para que valorizem que pertencem a um povo que resistiu apesar de todas as dificuldades”.

A imigração cabo-verdiana “é uma história de muito trabalho, muito suor, muita coragem, muita determinação e de gente que se integrou Estados Unidos, mas nunca renunciou ao seu país”, conta o chefe do único consulado de Cabo Verde nos EUA.

Por outro lado, o cônsul destaca que os cabo-verdianos “estão a dar sinais de que realmente querem participar no processo de desenvolvimento” em todas as áreas e inclusive em responsabilidades políticas.

“Para nós é muito bom ver esses cabo-verdianos a desempenharem cada vez mais funções de responsabilidade política, porque temos noção muito clara que há uma mudança qualitativa que se consegue de cada vez que se elege um cidadão oriundo de uma minoria”, acredita Hermínio Moniz.

“Uma comunidade muito bem integrada, tenho o privilégio de poder trabalhar com essa comunidade numa relação de muita proximidade e eu acredito que existe um potencial enorme a ser explorado”, diz também o cônsul.

“Os Estados Unidos são um país com grande tecnologia, um país avançadíssimo e que pode, em muitos setores, ajudar o processo de desenvolvimento de Cabo Verde”, diz Hermínio Moniz ao defender o “enorme potencial” dos imigrantes cabo-verdianos.

A missão diplomática em Boston é o único consulado de Cabo Verde nos Estados Unidos, dando a responsabilidade a esta equipa de representar e servir todos os estados do país, com exceção do distrito federal de Washington DC, onde está localizada a Embaixada, que, por sua vez oferece representação diplomática nos EUA, Canadá e México.

Com Lusa

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