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Contra venda de lebre por coelho - Olímpio Varela denuncia TAP
Ponto de Vista

Contra venda de lebre por coelho - Olímpio Varela denuncia TAP

TAP obrigou-me a denunciá-la publicamente, ao não me terem respondido sobre a minha reclamação, quanto mais não seja para pedir desculpas. Assim, para prevenir alguns incautos pela venda de lebre por coelho que vem fazendo ao vender bilhetes de classe executiva e no avião encontrar aquilo que vão constatar no conteúdo da leitura a seguir descrito. O mais grave é indicarem na tarjeta que colocam nas malas PRIORITY e as malas chegarem mais de 48 horas depois.

Senhor, João Inglês          

C/C - AGÊNCIA AVIAÇÃO CIVIL

- Delegado da TAP - SAL

Acabo de ler a mensagem que enviou ao meu amigo Renato Frederico em razão da reclamação por ele feita, sobre a situação da minha viagem Lisboa/Praia,  na “classe executiva”, no passado dia 11 deste mês de Julho.

Com efeito, o senhor Renato, um amigo que me trata como um pai, ao ir ao aeroporto para me receber e constatar o tempo de espera para recolher a minha bagagem, que mesmo depois de mais de três horas de espera, nem sequer chegou, e vendo o meu estado de raiva e indignação e de lhe ter explicado o motivo, escreveu reclamando o descaso a que fui submetido, o que é lógico, devido ao grau muito estreito da nossa amizade e do nosso relacionamento.

Todavia, pecou em alguns pormenores que não sabia por eu não lhe ter especificado em detalhes quando falamos, e é sobre isso que lhe vou endereçar esta mensagem.

Efectivamente, Senhor João, viajo muito pouco para fora de Cabo Verde - onde vivo há 82 anos - o que não é motivado por falta de condições económico-financeiros, mas sim por não gostar. Das vezes que viajei, fi-lo, para o meu conforto, quase sempre, em classe executiva, onde o tratamento é excelente, desde o momento do despacho da bagagem que é feito ao passageiro “VIP”, como o Senhor afirma, bem como o acompanhamento personalizado ao avião, durante a viagem, na chegada ao destino, oferecendo conforto e satisfação bem como outros benesses que vou descrever no decurso desta carta.

Senhor João, por ter 1,92cm de altura, sempre que viajo nos aviões que não possuem classe affair, peço ao pessoal do balcão para me facilitarem o lugar junto a uma das  portas de saída emergência, lugar mais espaçoso, para não ter  que encolher as pernas durante a viagem e sempre me proporcionaram aquele lugar permitindo chegar ao destino com os joelhos sem escoriações.

Foi um lugar idêntico ao atrás indicado que me ofereceram nessa viagem.

Agora, a situação dessa última viagem, que nunca mais esquecerei, pois não fui objeto de qualquer tratamento diferenciado no check in (que o senhor diz VIP) e que sei ser verdade noutros tipos de avião, nem na condução para entrada no avião e, pior ainda,  no interior, pois o avião nada tinha de especial, salvo a boa vontade do pessoal de bordo que, perguntado pelas regalias do passageiro VIP, me informaram que só o "avião grande" tem aquelas características que eu afirmei, mas que iriam dar-nos a melhor atenção, o que constituiu em oferecer aos poucos passageiros acantonados timidamente naquela área (à preferência do passageiro), um aperitivo antes do jantar, composto por 30 grãozinhos de mancarra e uma bebida num copinho tamanho de um dedal de costureira e o jantar consistindo em um de dois pratos. Eu escolhi o de arroz de pato, sendo o pato, se calhar, da minha idade que tive de deixar o conteúdo quase intato comendo apenas um pouco de salada que acompanhou o prato com um "copito" (o mesmo que o do aperitivo) de vinho e um pãozinho, sendo o vinho de qualidade duvidosa. Mesmo esse “repastozinho” que o Senhor enaltece não apresentava grande qualidade. Não notei no catering objeto de encómio, nem o jat track, leituras de revistas nem de longe, a não ser uma revista também provavelmente da minha idade pois não possuía nem capa nem contracapa, guardada no sítio onde repousa a placa de instrução sobre o comportamento em caso de acidente nem objetos para venda que sempre oferecem nos voos internacionais, nem check in separado, nem embarque diferenciado, e o  pior, o que na vossa oferta prometem de as bagagens  dos passageiros dessa classe serem as primeiras a saírem. Veja a diferença e a razão da minha revolta. Para além de eu não beneficiar de nada que propalam, a minha bagagem chegou com mais de 48h00 de atraso. 

Senhor João, eu, para além da idade de 82 anos, sou diabético, uso insulina e outros medicamentos que dada a restrição imposta no transporte de líquidos meti tudo na minha mala. Isso obriga a que tive que comprar todos os medicamentos com o agravante de eu procurar e pedir favor a um médico para me dar receitas, tendo gastado 13 contos. 

Obs: Como bem referiu o Renato na sua primeira mensagem, viajei em estado de convalescença depois de ter sido submetido a três cirurgias em dois meses.

Pelo acima exposto, é meu direito exigir o ressarcimento pelos transtornos que consiste em me devolver a diferença do valor do bilhete entre as duas classes, os medicamentos adquiridos, as deslocações ao aeroporto para recuperar as bagagens, o stress, a ansiedade, cansaço e outros efeitos psicológicos advenientes dessa viagem, pois trabalhei muito duro para alimentar indevidamente a TAP.

Esta reclamação possivelmente terá outro desenvolvimento, dependendo da resposta da TAP.

Praia, 15 de Julho de 2017

Atenciosamente,

Olímpio Varela

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Redação