• Praia
  • 29℃ Praia, Cabo Verde
PAICV aponta falhas nos transportes como uma das “maiores evidências” de uma “desastrosa governação”
Política

PAICV aponta falhas nos transportes como uma das “maiores evidências” de uma “desastrosa governação”

A líder do PAICV afirmou hoje que o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, falhou nos seus compromissos mais emblemáticos, apontando as falhas no sector dos Transportes como uma das maiores evidências de uma “desastrosa governação”.

Janira Hoppfer Almada, presidente do PAICV, fez estas declarações durante a sua intervenção no último debate parlamentar da IX Legislatura sobre o balanço da governação e que conta com a presença do primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva.

Segundo lembrou, o MpD, em 2016, durante o período da campanha eleitoral, assumiu compromissos com Cabo Verde e os cabo-verdianos, mas realçou, os cinco anos ficaram marcados pelo “incumprimento das propostas”.

“Não há cabo-verdiano que não se recorde da despartidarização prometida da máquina do Estado, hoje é momento de perguntarmos que chefia superior do Estado ou do sector empresarial do Estado foi nomeada sem concurso”, disse, fazendo referencia a instituições como INPS (segurança social), Electra (electricidade e água), NOSI (tecnologia de informação e comunicação), Enapor (portos), ASA (aeroportos), ou as direcções do Património e do Tesouro, o ICCA (crianças e adolescentes), RTC (rádio e televisão), Banco de Cabo Verde e a Bolsa de Valores de Cabo Verde.

Indicou a promessa de garantir o crescimento de 7 por cento (%) ao ano e 45 mil empregos dignos, durante o mandato, taxa zero para as pequenas e médias empresas  ou da taxa zero para a inovação, bem como do compromisso de actualização salarial anual dos salários e das pensões, como algumas das propostas eleitorais “esquecidas” pelo chefe do executivo.

Entretanto, ressaltou, o PAICV está ciente de que o MpD culpabiliza a pandemia da covid-19 pelo não cumprimento das promessas eleitorais, mas, sustentou, antes da chegada da doença a Cabo Verde o Governo teve quatro anos para provar aos cabo-verdianos de que realmente estava preparado para governar o País, com “condições favoráveis”, na altura, para implementar na plenitude o seu programa.

Para a presidente do PAICV, se a política económica adoptada por esta governação fosse norteada por uma visão estratégica de desenvolvimento e colocasse, acima de tudo, os interesses de Cabo Verde, o crescimento económico “propalado” seria “inclusivo” e geraria “empregos dignos”, sem que o Governo tivesse sido obrigado a massificar estágios profissionais, para melhorar as estatísticas do emprego e para evitar uma convulsão social.

“Se esse era o ambiente e o dinheiro abundava, não se percebe por que razão o Governo do MPD não investiu nos cabo-verdianos. Não se percebe por que razão não transformou a saúde num direito e não num luxo, não investiu na educação para melhorar a sua qualidade e relevância, e nem acreditou que a habitação decente também seria importante para melhorar a condição de vida das pessoas”, declarou.

 Se os recursos não eram um problema, como foi anunciado várias vezes, acrescentou, Janira Hopffer Almada disse não entender o que levou este Governo a não qualificar o turismo, a não investir na agricultura e nem apostar no sector das pescas.

Passados cinco anos, Ulisses Correia e Silva, no entender da deputada, que era um “líder confiante”, que tinha “todas as contas feitas” e que “hasteou a situação dos TACV, do emprego e da segurança”, como suas bandeiras de campanha, sobrou, hoje, um primeiro-ministro “nervoso” e “pouco solidário” com o povo, que, afinal, “não conhecia bem a casa e que se confessou perdido” no meio do “fantasma das fissuras”.

“Aliás, foi o próprio primeiro-ministro que não escondeu a sua situação de apuros e impotência, quando disse, claramente, aos cabo-verdianos, que ele não era gestor dos TACV, que o emprego não caía do céu e que não possuía varinha mágica para criar os 45 mil empregos dignos para os jovens cabo-verdianos”, asseverou.

Segundo a líder da oposição, o Governo “falhou precisamente nos seus compromissos mais emblemáticos”, aqueles que “mais mobilizaram” os cabo-verdianos e que “mais expectativas” geraram, apontando o sector dos transportes como uma das “maiores evidências” de uma “desastrosa governação”.

“Venderam a companhia de bandeira com a promessa de receber um saldo de 48 mil contos, não tendo recebido ainda um único tostão”, acusou, salientando que o MpD se esqueceu, por completo, que os transportes são estratégicos e garantem a coesão territorial, a unificação do mercado nacional e a garantia do direito e da liberdade de circulação.

Acusou ainda o primeiro-ministro de se ter esquecido que um terço da população cabo-verdiana vive no campo, de deixar as casas do Programa Casa Para Todos de portas fechadas, enquanto famílias vulneráveis eram desalojadas em plena pandemia, de ter abandonado as barragens e gastado cerca de  600 mil contos, por ano, em viagens.

Partilhe esta notícia