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Primeiro-ministro da Etiópia vence Prémio Nobel da Paz
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Primeiro-ministro da Etiópia vence Prémio Nobel da Paz

A escolha recaiu sobre Abiy Ahmed Ali pelos seus esforços para resolver os conflitos fronteiriços com a vizinha Eritreia. "É agora a hora de reconhecer o seu trabalho", disse a porta-voz do Comité.

O vencedor do Prémio Nobel da Paz de 2019 é o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed. Os seus esforços para resolver o conflito fronteiriço com a vizinha Eritreia foram o motivo mais destacado pela porta-voz do Comité Nobel, Berit Reiss-Andersen, para justificar a escolha do laureado.

Durante o discurso de anúncio do Nobel da Paz, a porta-voz defendeu que o Comité acredita que “é agora que os esforços de Abiy Ahmed merecem reconhecimento e precisam de incentivo” e defendeu que este reconhecimento poderá “fortalecer o primeiro-ministro e o seu importante trabalho de paz e reconciliação”.

“O Comité Nobel da Noruega decidiu conceder o Prémio Nobel da Paz de 2019 ao primeiro-ministro etíope Abiy Ahmed Ali pelos seus esforços para alcançar a paz e a cooperação internacional, e em particular pela sua iniciativa decisiva para resolver o conflito fronteiriço com a vizinha Eritreia. O prémio também visa reconhecer todas as partes interessadas que trabalham pela paz e reconciliação na Etiópia e nas regiões leste e nordeste da África”, começou por dizer Berit Reiss-Andersen.

Num ano com 301 candidatos — o quarto valor mais alto de sempre –, a lista de potenciais laureados contava com vários nomes reconhecidos internacionalmente entre as 223 pessoas nomeadas individualmente e as 78 organizações. As casas de apostas apontavam como favoritos ao Nobel a ambientalista Greta Thunberg, o Papa Francisco, Donald Trump, e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. Questionada sobre os não vencedores, Berit Reiss-Andersen recusou-se a tecer quaisquer comentários, dizendo que o Comité tem por norma não se referir àqueles que não foram laureados.

“Quando Abiy Ahmed se tornou primeiro-ministro, em abril de 2018, deixou claro que desejava retomar as negociações de paz com a Eritreia. Em estreita cooperação com Isaias Afwerki, presidente da Eritreia, Abiy Ahmed rapidamente elaborou os princípios de um acordo de paz para acabar com o longo impasse ‘sem paz, sem guerra’ que existia entre os dois países”, disse a porta-voz do comité, sublinhando que para sair desse impasse foi fundamental “a disposição incondicional de Abiy Ahmed de aceitar a decisão da arbitragem de uma comissão internacional de fronteiras em 2002”.

Apesar do Nobel ir para o primeiro-ministro da Etiópia, o Comité do Nobel fez questão de sublinhar que para alcançar resultados significativos é preciso o envolvimento de todos, destacando a postura de Isaias Afwerki, presidente da Eritreia, durante as negociações.
A paz não surge apenas das acções de uma parte. Quando o primeiro-ministro Abiy estendeu a mão, o presidente Afwerki agarrou-a e ajudou a formalizar o processo de paz entre os dois países. O Comité Nobel da Noruega espera que o acordo de paz ajude a trazer mudanças positivas para toda a população da Etiópia e da Eritreia”, acrescentou Reiss-Andersen.

O ano passado, em 2018, o Comité de Oslo decidiu atribuir o Prémio Nobel da Paz a Denis Mukwege e Nadia Murad, pelo seu trabalho em combater e denunciar o papel da violência sexual nos conflitos armados.

Os prémios Nobel surgiram da vontade de Alfred Nobel, cientista e industrial sueco (1833-1896), em deixar grande parte de sua fortuna a pessoas que trabalhem por “um mundo melhor”. Todos os anos são atribuídos prémios que chegam aos nove milhões de coroas suecas (cerca de 830 mil euros) aos laureados, segundo a vontade que Alfred Nobel deixou escrita em testamento em 1895, um ano antes de sua morte.

Segundo os termos do documento escrito em Paris, cerca de 203 milhões de euros (valores atualizados), foram alocados a uma espécie de fundo cujos juros deviam ser redistribuídos anualmente “àqueles que, durante o ano, tenham prestado os maiores serviços à humanidade”.
O testamento previa que os juros do capital investido fossem distribuídos ao autor da descoberta ou invenção mais importante do ano no campo da Física, da Química, da Fisiologia ou Medicina, e da obra de Literatura de inspiração idealista que mais se tenha destacado. Uma última parte seria atribuída à personalidade que mais ou melhor contribuísse para “a aproximação dos povos”.

Com Observador

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Redação