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E NÓS, POR CÁ EM SANTIAGO, DE QUE QUEIXAMOS?
Ponto de Vista

E NÓS, POR CÁ EM SANTIAGO, DE QUE QUEIXAMOS?

Em maré de protestos, manifestações, enfim queixas em relação áquilo que foi e está sendo mal resolvido para o desenvolvimento do seu cutelo, na opinião de quem os expressa, não é razoável, pela experiencia de muitos de nós que tem lidado com as formas com tem sido a implementação ou não dos projetos deste país, não expor as seguintes interrogações sobre o assunto, aqui em Santiago (ilha que por bem e por mal «não mexe» com projetos dos outros por mais estapafúrdios que julgar forem as suas argumentações daqueles que os defendem!):

É de admitir que os mesmos de sempre consigam desbaratar (?) o projeto em implementação do campus universitário da mesma forma como o fizeram em relação ao Liceu de Cabo Verde mandado instalar na Praia mas que daqui foi levado pelo chico esperto de então que, oferecendo compartimento na sua ilha, fez com que a cidade adiasse por vários anos a instalação desse estabelecimento, prejudicando de morte a formação liceal e a realização profissional de milhares de santiaguenses? Ignoram-se os argumentos da reitoria da UNI-CV, do governo de então e da cooperação chinesa, tendo esta aprovado essa demanda e justificado a quem queria ouvir, a escolha da Praia para receber, em primeiro lugar, esse campus, optando, os de sempre, por mentir e incrementar ódio já instalado por eles, propalando que o projeto foi desviado para a Praia? Foi assegurado às partes interessadas que é mentira que o projeto tenha sido originalmente para S.Vicente e depois desviado para a Praia. É mentira!

Continuaremos a suportar a situação do mar cá em Santiago, um setor assumido como o maior desígnio de desenvolvimento de C.Verde, sem uma estrutura adequada regional de formação para o setor, de administração marítima regional e das pescas, com o figurino atual da ENAPOR que nega á região a autonomização do seu porto, como se faz noutras partes do mundo, a administração e negociação pela região da sua concessão, desenvolvendo o seu porto em sintonia com a dinâmica da região? Não é o caso da região estar devidamente representada nas negociações da concessão do Porto da Praia para assegurar que sejam cumpridos programas adequados do seu desenvolvimento e dos investimentos prometidos pela Bolloré - Empresa que ganhou concurso e vai implementar condições das concessões já negociadas? É curial levarmos a sério aqueles que outrora negaram autonomização do Porto da Praia, agora reivindicam a imediata autonomia dos serviços da sua ilha?

A ELECTRA Sul não deve ter autonomia total e se capacitar para melhor servir a região? A par da negação do parque industrial para a Praia (há dias foi reclamado, desta feita pelo Presidente da Câmara de Indústria Comércio de Sotavento no quadro do processo retomado de industrialização do país!), da falta de centro de convenções e de formação marítima não terão  sido as armas utilizadas pelos governantes para obstaculizar e ou atrasar o ritmo de desenvolvimento que combina com a dinâmica de Santiago e ajudar e debelar o desemprego no concelho onde esse mal social mais incide – a Praia?

Fará sentido prover somente os clusters do mar e do ar com planos de desenvolvimento no valor de 500 mil euros cada e abandonar á sua sorte a elaboração de planos dos clusters TIC, financeiro e de agronegócios cujos epicentros (alguns deles) deverão ser em Santiago? O cluster aéreo não deveria abranger, a par do Sal, os serviços aéreos de Santiago (um dos mais dinâmicos e diversificados do país), á semelhança do que se fez em Canárias incluindo as ilhas da Grã Canarias e do Tenerife sem beliscar os serviços aéreos internacionais diretos da ilha de Fuerte Ventura?

Não é triste constatar que já não temos feiras de livros normais, centros de artesanato, teatro de qualidade, carnavais com suporte decente (as discriminações positivas não são para empenhos com potencial mas que estão com deficiências?) e não se vislumbra termos museus de arte contemporânea, palácio de cultura com concertos e academias de música e teatro e retoma de festivais de música pujantes de outrora, e um programa de Maio a Agosto de programa de festas de romarias e outras que garantiriam, durante esse período, atividades culturais e de turismo local que impulsionariam a dinâmica economia de Santiago e dar conteúdo a capital cosmopolita atlântica que é a Praia?

Não dói o setor de economia continuar a ignorar as potencialidades de Santiago para todo o tipo de turismo do país, produção apoiada do grogue e economia do mar (formação marítima, infrastruturas portuárias e das pescas para eliminar a tal assimetria no setor do mar e excessivo desemprego) em todo Santiago com ênfase no Santiago Norte, Cidade Velha e Cidade da Praia? Não será o caso de exigirmos uma outra governação do mar e economia em geral, incluindo intervenções do tipo do que se fez só para o norte em termos de promover a implementação de projetos encalhados e financiamento em Luxemburgo para seus operadores? Não há por aí ministros do sul para ajudar sotavento como o fez a tal ministra do norte como foi referida pelos colunistas de serviços nas midia?

E a instalação logística de combustíveis em Santiago que reconhecidamente traria ganhos de diminuição de preços para todos os cabo-verdianos? E a manutenção de dependência da ELECTRA SUL etc.? Alguém tem ideia das agruras que se passa com a outra centralização que não a criticada na Praia, como a do setor do mar, combustíveis, ELECTRA etc? «Sai de baixo»!

Que dizer de concelhos no interior de Santiago e da cintura da Praia com os piores indicadores da C.Verde, em termos de condições de saneamento, água, eletricidade, urbanização, habitação, exclusão social e emprego? Como é que ficamos com o maior nível de desemprego na Praia, a insegurança e a falta de visão e discussão no parlamento dos males colossais da Praia? Quem/onde está abandonado afinal?

Que fazer com a afronta de não termos uma rádio oficial que reserva tempo e jornalistas competentes e dedicados que produzem e editam bem, na hora, as coisas de Santiago na língua que a sua gente melhor entende, como se faz nalgumas ilhas para as coisas das suas ilhas (Veja-se o que fez a RCV para a manifestação recente numa das ilhas? Não é de se propor a completa regionalização das rádios com emissões nacionais somente nos seguintes períodos: 6:30 - 9:00; 12:30 -14:00 e 18:00 - 19:30?

Finalmente que dizer sobre projetos que, para nós, chegam sempre tardiamente ou incompletos e/ou deficientes como o adiamento de extensão da pista do aeroporto da Praia, o complexo de pesca para S.Martinho, o terminal de cabotagem para o Porto da Praia o adiamento eterno das estações rodoviárias para o transporte inter-urbanos que eternizará o caos no tráfego rodoviário na cidade etc, etc?

Como disse, por aqui, não obstante sistemáticos ataques a intervenções que finalmente começaram a ser efetuadas para desenvolvimento de Santiago graças a Neves/Filu e Ulisses, não manifestamos contra coisas do género nem sequer contra terminal de cruzeiros que nunca deve ser financiado com fundos públicos nem é prioritário para nenhum dos portos da Praia e de Mindelo (noutras partes seriam ambos os portos a reclamar o mesmo mercado!) cujos cais estão ás moscas e só por horas recebe um ou outro navio cruzeiro em escala?

É caso para concordamos com todos os que, com argumentos relevantes, lutam por intervenções e empreendimentos merecidos para que todos nós os paguemos em consciência e sejamos felizes, mas não continuaremos aqui a ser o bobo da festa. Muitos por aqui já se posicionaram a favor das autonomias, descentralização, regionalização requeridas, para que não haja mais razões para muitas queixas o que implica, salvo melhor opinião, também, a autonomização das receitas/orçamentos para que cada organismo autonomizado possa fazer o que bem entender com as suas receitas e suas despesas, incluindo dívidas dos seus projetos.

Força aos jovens (a quem dedico este artigo) pois julgo que boa parte do vosso emprego e melhores dias podem estar dependentes do que podermos fazer acerca da implementação do acima exposto.

Praia, Julho de 2017.

José Jorge Costa Pina  

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