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Salvemos a Danielle
Ponto de Vista

Salvemos a Danielle

 

No passado dia 10 de Fevereiro publiquei Neste Web Site «Santiago Magazine», um artigo intitulado «Desapiedada miséria, triste realidade» onde relatei a dor de uma mãe, o desespero de uma família e o sofrimento de uma criança que, aos 10 anos de idade, foi diagnosticada uma terrível doença congénita. Danielle da Veiga Gonçalves, hoje com 14 anos de idade, residente em Simão Ribeiro, subúrbio da capital cabo-verdiana, aluna do 6º ano da Escola do Pensamento, do Agrupamento IX da Calabaceira, padece de anemia crónica e o seu coração está a crescer fora da regra e, uma leucemia, vulgarmente conhecida por cancro no sangue, é a próxima arma que o futuro almeja desferir contra ela, se nada for feito.

Há 4 anos que a família Gonçalves vem passando e caminhando pelos atalhos da desventura, como quem diz: no fio da corada bamba. Ora, conforme já havia dito na minha crónica anterior, dentro de um exíguo espaço, que não excede a 3 metros quadrados de superfície, onde também funciona como casa de banho, cozinha e arrecadação, sobre uma cama, a única mobília digna dessa nomenclatura, pernoitam a senhora Élida Sofia da Veiga Gonçalves, de 30 anos de idade, mãe da Danielle; um filho varão de 16 anos de idade e a Danielle, de 14 anos. Disse «pernoitar» e não «dormir», porque a qualquer pessoa de humano sentimento, as pálpebras seriam, certamente, freadas, perante a lamuriosa dor e o desesperante pranto de uma filha que teme fechar os olhos para não ouvir a ordem da impiedosa morte: «Tu já não acordas». Várias vezes, Danielle é acossada pela dor insuportável, mas a mãe não a leva às Urgências, sobretudo, por duas razões: Danielle não consegue andar a pé porque cansa-se e a mãe não tem como pagar um táxi que as acuda; chegam no Hospital, não têm os 350$00 para pagar a Taxa Moderadora. Por isso ficam em casa, sobre a cama, com olhos crã.

Volto novamente, desta feita, mais para agradecer a muitos que, ao tomarem conhecimento da situação, imediatamente reagiram e o efeito surtiu. Não paro de receber feedback nas redes sociais, regozijando-se com esta iniciativa e perguntando-me como poderão ajudar. Soube que alguém fez o reenvio do artigo à Camara Municipal da Praia – CMP que, imediatamente accionou os seus meios, através do departamento da sua ação Social. O exame médico que lhe havia sido passado e que custava 21.000$00 está sendo feito e a CMP suportará as despesas. Foi-lhe atribuída a cesta básica e está-se a providenciar a possibilidade de lhe instituir uma pensão social. A ICCA prontificou em fazer com que ela regresse a Escola, uma vez que está perfeitamente lúcida, apenas sente-se cansada se se deslocar a pé. Eu, pessoalmente, estou a preparar uma peça de teatro com os meus alunos do 5º e 6º ano da Escola António Nunes da Calabaceira para, ainda, neste mês de Março fazermos espetáculos cuja receita reverterá a favor da Danielle. E posteriormente, apoiaremos outros alunos ou seus familiares.

A nossa Danielle já não paga as consultas nem a Taxa Moderadora. Foi submetida à Junta Médico e a sua mãe disse-me que lhe mandaram fazer o Passaporte. Tudo indica que vai ser evacuada. Por isso, venho implorar a todos, que comparticipem com o que puderem para que possam fazer o Passaporte. Se cada um der, nem que seja 100$00, Danielle será evacuada e a sua saúde igualará a nossa. Por isso deixo aqui a conta bancária para quem quiser ajudar:

Nº de Conta: 8910837210176

NIB: 00030000 8910837210176

Nome da Conta: Élida Sofia da Veiga Gonçalves

E antes de terminar, gostaria de agradecer a todos aqueles que, de uma forma ou doutra, até aqui tem solidarizado com esta causa. E particularmente a Santiago Magazine que nos deu e nos dá a oportunidade de conhecer a dor da Danielle e de sua família; à D. Ana Patrícia Fernandes Monteiro, mãe de uma aluna minha da Escola António Nunes, aluna e atriz, Danielle Patrícia. Quando andávamos à deriva, à procura de um sítio para ensaiarmos a peça que iremos apresentar em beneficência à nossa Danielle Gonçalves, a D. Ana Patrícia apertou o pano à cintura, lenço à cabeça e ajudou-nos a conseguir um belo espaço, gratuitamente; ao casal Cida e Zaida, de Santa Ana e residente na Calabaceira, um muito obrigado por nos ter concedido o seu quintalão para os ensaios com os nossos meninos que brevemente se constituirão num Grupo de Teatro Infantil que se chamará Téspis Pekinoti. E muito obrigado a generosidade, dedicação e altruísmo desses meus pequenos atores.

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Redação