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Do Jornalismo perverso ou a mola do harakiri
Ponto de Vista

Do Jornalismo perverso ou a mola do harakiri

A propósito do Artigo de opinião assinado por Daniel Almeida, alusivo ao ´Cabo Verde Tourism Awards 2017`.

Poder-se-ia começar a reacção à peça de opinião jornalística, da última edição do ANação, número 568, com uma outra especulativa opinião:

Mas, que Jornalista Medíocre que passa o tempo a rabiscar/garatujar/escrevinhar idiotices, por defeito de formação (sobretudo aos níveis humano e académico)!?

Assertivamente, a colocação do título aqui, por nós, segue outro raciocínio-síntese. Esta sociedade cabo-verdiana está afadigada e pervertida para um estado de autêntico ´suicídio haraquíri` (cujo significado pode ser, por extensão: “…ritual suicida cometido originariamente por nobres e guerreiros”, que “banhavam-se, vestiam uma roupa branca, tomavam saquê, escreviam uma despedida e, em seguida, rasgavam o próprio ventre com uma espada punhal”).

Cabo Verde evidencia ser, de momento um campo samurai, em que, pelo transe da decência e honra, deixa-se guiar, em definitivo, pela promoção do suicídio colectivo (…). E quem sobrar, que venha narrar uma nova história!

O plano está instalado: vive-se tempos verdadeiramente difíceis, em que tudo serve para justificar o fim dos códigos de sã convivência, de respeito à honra e de sensatez para com o fazer bem ao próximo / respeitar o próximo, por exemplo, pela valorização da verdade dos factos que vão estando à volta deste ou daquele, desta ou daquela situação. Em pleno vigor está o princípio de “todos contra todos”, em Cabo Verde, em que se instalou a produção duma corrente de ódio cujo objectivo primacial do fel é não deixar escapar nada e ninguém que esteja a fazer/ou a querer realizar o bem. As coisas estão a um nível deprimente que “ninguém pode escapar à morte suicida”.

Esse artigo assinado por Daniel Almeida, entre tantos outros que já lemos, não deixa de se filiar na classe duma espécie de arma de arremeço para destruir pessoas e instituições, sem prestar respeito a qualquer rigor aos princípios de causa jornalística, ou então, de preservação da dignidade e do bom nome de cada outro. Quando se lê os artigos de opinião feitos sob carentes pressupostos da incontornável cientificidade objectiva do jornalismo, dá-se conta que apenas se pretende destruir e matar: não importa, porque todos são nobres e guerreiros, merecem morrer. Como se ele próprio, o mesmo articulista, não estivesse a cuidar de não passar a mensagem de trabalhar para justificar os seus instintos freudianos de vingança, não importando com a vida (a que o génio chamou de Eros), nem com a morte (a que não-chamou de Tanatos). Então, o desenvolvimento da crueldade vai para todas as direcções, à procura da falsa autocompensação.

Imagine-se que quiséssemos recorrer às antenas da televisão TIVER para construir uma peça de opinião de indução negativa contra o próprio Daniel Almeida aquando do Relatório e Contas ao tempo (anos de 1990) em que ele era o responsável máximo do FUNDESP (fundo de gestão desportiva). Pois, não ficaria nada bem lançar um título que sugerisse processo-crime contra o Daniel Almeida, perante factos de desvios financeiros que lhe tivessem sido imputados, maldosamente.

É preciso muita atenção: está-se a assistir a uma conspiração geral contra o código de honra, em que ninguém se preocupa em cuidar da natureza humana. E o jornalismo em Cabo Verde está vestido com a sua destoada roupa branca e, só por isso, os medíocres estejam prontos para receber prémios, sob a cápsula de “ Somos Cabo Verde”, como se não houve mesmo critérios de qualidade para que se mereça devido reconhecimento por aquilo que cada um fez ou vai fazendo em prol da promoção da coragem, do empenho, da dignidade no contributo para com a vida da comunidade nacional.

Não é bom que cada vez mais Cabo Verde perca ou não queira dar lugar ao laço obrigatório com a informação objectiva, qualquer que seja o tipo de reportagem (interpretativa, especial, etc.). E o caso do Relatório da Inspecção Geral das Finanças a respeito das actividades desenvolvidas na corporização dos prémios “Cabo Verde Tourism Awards 2017” assim impõe e convida a que o redactor Daniel Almeida fosse de um ´estilo directo puro, numa narração sem comentários, sem subjectivações.

A peça de opinião do Daniel, sob forma de falsa narrativa de reportagem isenta, pecou gritantemente por atrofiar critérios jornalísticos, para vender abusivas suspeições…, num trabalho jornalístico medíocre e maléfico, conforme a escola que está instalada em Cabo Verde, cujo intuito é apenas para conduzir à invalidez social, ou à morte psicológica das pessoas visadas. Desde logo, este comentário nosso recai sobre o autor da peça, na sequência de muitas outras peças feitas sobre a matéria, desde o ano passado: má-fé e impreparação jornalística do Daniel Almeida. Claro que no ANação há profissionais que nos merecem o respeito e a consideração – e eles sabem quem são, independentemente se num momento ou outro não estejamos de acordo com o que produzem, mas temos que respeitar, até pela qualidade do trabalho jornalístico.

O Daniel Almeida não interpretou convenientemente o Relatório da IGF, e nem chegou ao ponto formulador do acontecimento. Anunciou um título de modo a prejudicar terceiros – porque o anunciar, na teoria da comunicação divulga, logo o acontecimento por uma mensagem negativa. Porque teve impreparada ligeireza em abordar publicamente o referido Relatório, com as suas circunstâncias (que não foram, de todo, do ângulo verdadeiro). Quis vender a opinião de que se tratou dum fiasco o passado evento e que as duas pessoas envolvidas no desencadear do extraordinário evento “ Cabo Verde Tourism Awards 2017” realizado na ilha do Sal, pudessem estar em conluios para apropriar de dinheiros públicos.

Que o leitor fique sabendo, mais uma vez, o projecto foi de iniciativa privada da instituição TIVER que, do Estado, nada tem recebido para um serviço de utilidade pública de certo modo irrepreensível. A instituição tem muito feito, assim como o jornal ANação. Porém, nunca perdeu o sentido de participação positiva na vida do país, sem deixar de ter voz.

O nosso contributo pessoal, técnico, estratégico ao longo dos anos é indesmentível. Assim como o contributo que o Daniel Almeida deu enquanto militar em reserva foi, também, na linha de um contributivo bom cidadão, para a vida deste nosso país. Todavia, no tocante ao trabalho jornalístico que tem feito, o mesmo tem carecido de atributos e pressupostos de um jornalismo repousado em referências da verosimilhança como: Predominância da forma narrativa; humanização do relato; objectividade dos factos; textos de natureza impressionista.

Portanto, o Daniel tem que nos mostrar os critérios de cientificidade na análise de conteúdo sociológico (com referência a autores e a metodologias), teve que, por exemplo, escrevinhar as seguintes indicações:

- …Irregularidades na primeira “Gala Tourismo Awuards 2017”;

- IGF propõe processo-crime para organizadores do evento;

- …a primeira Gala CTA 2017 custou 18.000 contos…!;

- …fisaco que foi o evento;

- …a Gala não ter sido precedida da “competente autorização do Ministro José Gonçalves;

-…o Relatório esclarece que

Por conseguinte, uma peça de opinião prenhe de: não-causas jornalísticas; de recriações pessoais do Daniel Almeida; de citações pro frases indevidas e indiciadoras; de colocação incorrecta, abusiva e maldosa, das fotografias dos dois responsáveis quer do então Director Geral do Turismo quer do Administrador da TIVER; de alusão a ideias nada consentâneas com a verdade dos factos existentes; um rol de imagens consentidamente ilusórias dum repórter que não esteve presente, e que não chegou lá, para uma narrativa que favorecesse a precisão na leitura de terceiros (da opinião pública), ou então que não fizesse dos visados (pessoas e instituições) objectos da destruição moral, perante a sociedade.

A peça de opinião do Daniel Almeida não carregou a potência duma narrativa real-positiva de respeito social às pessoas. Apenas sugeriu à difamação, entre a fingida ideia de estar a anunciar, a enunciar, a pronunciar e a denunciar. Portanto, o discurso não privilegiou a isenção porque quis, com a ânsia que o ódio cria, criar uma bomba atómica, para matar as pessoas, pela lei dos samurais do haraquíri: Se o Daniel Almeida, enquanto Director Geral do FUNDESP foi castigado publicamente por suspeições de desvio de fundos, também vou castigar os outros, por mera busca subliminar da insinuação, e da destruição de ideias que possam servir para valorizar a sociedade. E todos as peças feitas por ele assim indicam, em crescendo: ódio, com ódio se paga.

E não vale a pena se vir fazer comentários em reacção no fim desta nossa reacção. Porque não se deve fazer, e nem tão pouco se deve passar por cima do direito à reacção da nossa parte, porque está na lei.

De forma desabrida, o jornalismo em Cabo Verde está num estado miserável, que concita ao ódio, que promove a conspiração contra uma nova postura na sociedade cabo-verdiana, porque certos jornalistas, também, carecem de clarividência de espírito, de formação na consciência para o exercício construtivo duma nova pessoa humana. Falta requalificar, por um choque profundo na actividade jornalística no país. Assiste-se ao imparável “delendere” – cuja semântica no latim reconhece o significado de “destruir”, por destruir.

Disponibilizamos todos os verdadeiros dados ao Jornal, o ano passado, tal como posicionamo-nos sempre: com verdade, custe o que custar.

Dissemos que o processo não tinha razão de ser do alarido criado por determinadas pessoas. Foi um extraordinário evento, a que voltaremos a ele, assim que for oportuno, porque enobrece o país, suas ideias, suas pessoas e instituições que lidam com o fenómeno do Turismo, na perspectiva mais global possível, numa cadeia de diversas circunstâncias.

O Relatório foi uma perda de tempo para queimar a imagem das pessoas envolvidas, por ser um documento que não tem solidez nenhuma – se se for ver as coisas com o rigor da consistência da ética pública. Não há nada, porque não tem nada de especial, que fosse negativo – até porque não aceitamos entrar nisso, sem perdermos a coragem de criar ideias e desafiar projectos. Portanto, a mensagem de controvérsia que se quer continuar a projectar é apenas para um espectáculo dantesco, da política, para fomentar inveja, ódio e repulsa. A sociologia trata bem desses fenómenos.

Não aceitamos o haraquíri. O país precisa de conhecer e viver uma outra linha, para lá do diabólico jogo do poder e da conquista dele. Por isso, acima de tudo: as pessoas têm que ser respeitadas. O que deve ser um esforço de cada um de nós, cidadãos e pessoas humanas. Deixe-se de brincar ao jornalismo.

Apetece até perguntar: será que alguém tem estado a paga-lo para isso? Pessoalmente, não acreditamos.

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Redação