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Um passo para a nossa reinvenção
Colunista

Um passo para a nossa reinvenção

O BENEFÍCIO CONCEDIDO AOS PARTIDOS POLÍTICOS SEJA APLICADO E INVESTIDO EM PROL DAS SOCIEDADES E DAS SUAS GENTES

Não vejo eu outro caminho que não seja o salto moral e ético, com reflexos sociais, económicos, culturais e políticos. Em busca do nosso salto civilizacional que há muito a humanidade almeja é o que retiro das palavras do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa na sua mensagem de ano novo, especialmente quando se refere à nossa capacidade de reinvenção, de reinventar-nos. A invenção - bem como a reinvenção, num outro estágio evolutivo - é consequência dos elementos constituintes, fundamentais que proporcionam o surgimento ou o ressurgimento. Não surge do nada, do vazio. Nesse apreço, entendo eu que somos nós próprios os referidos elementos. Podemos reinventar-nos porque temos essa capacidade e qualidades intrínsecas, idiossincráticas que nos permitem almejar por outros patamares de convivência social e política.

Interrogo sobre se o mundo e o universo são linguagem e se a linguagem é mundo e universo na introdução do meu trabalho com o mesmo nome, semelhante (Caminhando a Emisferianidade).

São duas questões que podem estar na génese do que chamo Emisferianidade. Esta é a realidade existencial dos povos e gentes falantes da Língua portuguesa - que protagoniza uma presença no Mundo e se destaca, quanto a mim, pela sua singularidade e especificidade de um espírito genuíno e comum -, fundada em valores éticos de aceitação, respeito, compreensão tolerância e assumpção, por outrem e pela diferença.

Para além de refletir uma realidade ontológica, a ideia de Emisferianidade é caminho, é interrogação, é sentido crítico e especulativo, é honestidade.

Sendo esta realidade existencial, Emisferianidade, tão múltipla e diversa, a sua observação e reflexão tornam-se complexas quanto interessantes e necessárias ao desenvolvimento, expansão e progresso de vários povos e gentes deste planeta que, por motivos que o indeterminismo da História e movimentos lógicos da vida, comungam e partilham a mesma Língua, não se apartaram, não se afastam nem apartem, mesmo que por decreto seja declarado o seu divórcio.

Todos nós partilhamos valores morais e éticos, independentemente, da cultura ou da religião ou da sociedade de cada um e mesmo do som fonético de cada comunidade emisferiana. Todos nós, do mundo da emisferianidade, conseguimos atingir aquilo que o resto do mundo ainda não conseguiu: harmonia existencial com sentido universalista e respeitando a diferença de cada um. É isso que devemos transmitir ao resto do mundo. É a nossa riqueza. É o nosso ouro imaterial.

No meu entender, a nossa reinvenção passa pela capacidade e pelas nossas qualidades de aceitar, respeitar, compreender, tolerar que deverão ser trabalhadas e acrescentadas à nossa qualidade de assumir com responsabilidade a alteridade existencial. De descer, trazendo à terra a nossa condução prática, com o foco no sentido da solidariedade, da complementaridade e do compromisso social, económico, cultural e político entre todos os agentes, instituições, cidadãos e pessoas de um Estado, de uma sociedade que se quer baseada na Lei, nos Costumes bons e na Democracia prática e praticada quotidianamente. Com base na complementaridade compromissória, que nos será inerente, não desistir das pessoas, não abandoná-las à sorte dos infortúnios, das explorações, das discriminações e ostracizações, dos desnivelamentos, das assimetrias e das injustiças.

A propósito do sentido solidário das partes contratantes e complementares no concerto de uma sociedade, proponho uma breve e genérica ideia, no que respeita à Lei do financiamento dos partidos políticos. É então o que segue.

Uma das mudanças e a começar por cada um de nós, bem como pelos militantes partidários, era começar a achar que o benefício MATERIAL E FINANCEIRO concedido aos partidos políticos deveria ser aplicado também e de forma plausível, eficiente e prática em prol das sociedades e das suas gentes. Que o benefício seja partilhado, favorecendo igualmente o Todo Gregário Socioeconómico, não apenas os patrimónios, as finanças e as contabilidades mensais, trimestrais, semestrais e anuais das organizações políticas.

Que o Empreendedorismo Social seja igual a postos de trabalho, à criação de trabalho e de emprego, à participação de mais gente, de preferência o maior número possível de cidadãos e pessoas, na construção e desenvolvimento das comunidades e da sociedade em geral, em busca do aperfeiçoamento das nossas características da alteridade e da complementaridade. Participação ativa dos partidos políticos no uso, aplicação e investimento dos subsídios e subvenções públicos especialmente, como também os apoios provenientes do setor privado, no revigoramento e rolamento das forças e meios de produção, na empregabilidade progressiva e ativa da mão-de-obra. Devem pois ser decisões pensadas e tomadas a olhos vistos, com efeitos a sentirem-se no curto a médio prazo.

Não se elimina o partido político que muito importante papel tem desempenhado ao longo da História da Humanidade, desde a sua formação entre girondinos e jacobinos, ao tempo da Revolução Francesa, no século XVIII, mas antes integra-se mais na sua participação no tecido das gentes vivas e concretas de um todo social, multicultural e económico contemporâneo que não é mais o mesmo seguramente que aquele vivido há mais de 200 anos. Por isso há que reinventar! Urge! É chegado o tempo.

A reinvenção será uma revolução de mentalidades, antes de tudo. Deverá ter início aí.

Mudança, alteração das condutas e do modo de pensar o social e o económico, o cultural e o político. Não são erupções de vontade. Não são manifestações momentâneas, rápidas e fantásticas, volitivas do desejo imediato, sem consequência alguma positiva. Quantas trouxeram o desnorte e o desvario, a perdição. São sim movimentos constantes que se prolongam no tempo, não acontecendo no tempo imediato sensorial. São antes mudanças lentas, refletidas, ponderadas e decididas na ação. A reflexão e a ponderação têm sido manifestadas ao longo dos últimos 40 anos, após o 25 de Abril de 1974. Agora exige-se um outro e novo caminho: decisão, ação, sentido, direção e comunhão na nossa arte da complementaridade compromissória, no combate à pobreza, desigualdade e injustiça sociais. O combate pela criação, integração e participação de todos por novos e melhores mundos. À nossa elevação progressista como seres viventes e pensantes!

Desejos de um bom ano de 2018, apesar de um tempo nunca terminar…continua sempre no outro.

José Gabriel Mariano, 02/01/2018

Merlin

Merlin, o alquimista. O mágico.

Satanás, o diabo. Cristo, o Salvador. Fátima, a reveladora.

Lúcia, a comunicadora ou a visionária.

O céu, o inferno. O Adamastor.

A terra plana não redonda. As realidades. A fantasia.

E a surda da vida. Da sonora morte.

Ela vem vestida de preto ou de branco?

Qual delas?

Talvez em tons de cor-de-rosa!

Ambas! A preto e branco…

Raphael d´Andrade

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