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Simplesmente Humano
Colunista

Simplesmente Humano

Os caprichos tenebrosos que assaltam a nossa mente, de uma forma ditatorial expressam os paradigmas ambivalentes, despojados de valores que transcendem o aparente, compenetram velozmente nas nossas emoções famintas e secas, ativando o sensor da vaidade brutal e da busca pelo ter, como consequência natural vislumbra-se o inesperado. A paixão pela vida, a motivação saudável, o auto-incentivo passam a ser inalcançáveis, perdeu-se o encanto pela vida. As flores da primavera já não cantam mais a melodia angelical, o calor da noite no dia de sonhos formaram a dor inexplicável, perdeu-se o que melhor a vida nos oferece, a coragem nas vicissitudes, o alento nas batalhas, a alegria em tempos de sequidão.

Nada se espera mais, lançados por uma via indiscreta, fixados numa causa supérflua, desta forma não se sente mais o que constitui uma mais valia na perspetiva humana, seguindo a condição fundamental para uma vida sem condicionamentos, desmascarada de qualquer capricho sem sentido, amparada por uma via mais saudável do viver feliz, certo que o caminho percorrido não valeu a pena. Lucidamente descobrimos que a dor que causamos a nós mesmos teve a sua origem nas escolhas banais e sem racionalidade afetiva, a realidade que vem depois será sempre uma lição especial que servirá como uma luz na qual deveríamos ancorar, na verdade perdemos antes, pois, estávamos distantes do que realmente era a vida na sua simplicidade, quando na verdade a vida sem nada era tudo e agora com tudo nada somos.

O segredo sem duvida estava no essencial, o brutal do ser humano, numa imagem sem escrúpulo, deslizamos indiscretamente para depois choramos discretamente, o vazio premente já conta como real paradoxo na dimensão intrapessoal, vem então a pergunta que remonta a séculos, quem sou eu, uma identidade perdida, confusa, perde-se o sentido afetivo, o amor pela simplicidade, a paixão pelo encanto das paisagens, do vento que encanta a natureza, não se fala mais da vaidade desmedida, do conceito hedonista, de uma vida trivial. Simplesmente humano, uma descoberta ás vezes tardia mas nunca desvantajosa, iluminados os olhos da nossa mente, dá-se a clareza do que a vida é de fato, as tristezas constantes, o desespero sem explicação dão espaço a um novo caminho percorrido pela via na condição inversa, produção diferente internamente, pairam a paz, a certeza e o mais que a realização pessoal na esfera completa e satisfatória.

O reencontro com a pureza, qual relevante emerge como necessária uma aposta inigualável e incessante que não estejam na base da essencialidade do âmago da alma humana, a qual necessita de aconchego sem aparatos padronizados pela elite popularizada no campo paradigmático. Conclusivamente chega-se ao limite da valência do almejado, sem mais nada e quase nada que fosse fundamental, vem depois o desespero e a canção da miséria interior, o desassossego tomam conta da nossa agenda interna.

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SOBRE O AUTOR

Lino Magno

Teólogo, pastor, cronista e colunista de Santiago Magazine