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Uma peça destinada à juventude cabo-verdiana interessada na história do país
Colunista

Uma peça destinada à juventude cabo-verdiana interessada na história do país

O primeiro consulado dos EUA na África Subsaariana foi estabelecido em Cabo Verde em 1818, na ilha da Brava. Entretanto, como é de se entender, os Estados Unidos só vieram a estabelecer relações diplomáticas com o nosso país a partir de 1975. Nessa altura, Cabo Verde e a Guiné-Bissau - 900 quilômetros a sudeste de Cabo Verde, na costa oeste da África - eram ambas colónias portuguesas que faziam campanha pela independência com um plano de unificação, o que veio a ser violado, em 1980, pelo ex-ditador e política golpista, Nuno Vieira. Como acontecia na Guiné, Cabo Verde também estava sob a ditadura governamental comandado pelo comandante Pedro Pires.

O grupo coordenado pelo comandante e com o apoio das finanças doadas pelos pauses amigos para sustentar o povo Sofredor só assistia a opressões sociais de vários níveis.

Aliás, foi essa a regra política em Cabo Verde, de 1975 a 1990. Quinze (15) anos de ditadura e atrocidades que até à data de hoje não foram julgados, por motivos intrigantes e preocupantes. Pois, com já referimos anteriormente e em vários outros fóruns sociais, o nosso país foi, durante 15 violentos anos controlado pelo grupo dirigido pelo comandante Pedro Pires, que acabou por ser contemplado pela arrogância africana de premiar os opressores do povo.

A história real de Cabo Verde, para nós que assistimos e as vítimas das já publicadas atrocidades políticas precisa ocupar o seu espaço no curriculum escolar para o conhecimento dos mais jovens.

Os nossos filhos, netos e bisnetos precisam conhecer a história do seu país. Os ditadores precisam ser identificados publicamente, sem reservas, para que possamos seguir em frente como um país livre, independente e harmonioso.

As atrocidades e torturas praticadas para silenciar qualquer um que tentasse criticar as ações dos aristocratas ditadores não pode continuar impune. Os prevaricadores precisam ser julgados. Não importa a sua classe social. A justiça tem que passar a ser para todos, como está estipulado na constituição de 1992.

Quanto à abertura política que se deu em 1989, convém ainda ensinar aos mais jovens a versão correta. Ou seja, a abertura política deu-se graças às pressões internacionais. A limitação das doações e financiamento de projectos fantoches e opressão política ditaram essa pressão internacional. Se começarmos a ser sérios com a realidade dos factos históricos do nosso país teremos mais sucessos internacionalmente e as nossas crianças estarão melhor informadas para confrontar a tão diversificada e instável sociedade internacional. Pois, os mais atentos da sociedade cabo-verdiana bem sabem que as primeiras eleições multipartidárias foram e serão sempre consideradas a melhor solução para o Cabo Verde que tínhamos.

A vitória estrondosa e até certo ponto surpresa, do Movimento para a Democracia, em 1991 confirmou o descontentamento das populações sacrificadas e abandonadas.

De referenciar que na altura, os oficiais do Serviço das Relações Exteriores americanos estacionados na Praia testemunharam a transição da nação à “democracia documental”, a expansão da sua economia, a evolução das suas práticas sociais e isso aumentou a confiança do compromisso americano com o nosso arquipélago, como se pode constatar numa série de entrevistas com Charles Stuart Kennedy, de março a novembro de 1993 por Francis Terry McNamara.

Uma forma específica de acompanhar o desenvolvimento da nação e dos interesses Americanos.

Apesar de se ter verificado alguma mudança de atitude governamental a partir de 1992, o desenvolvimento infra-estrutural só veio a prosperar com a entrada dos ganhos das negociações decorridas durante esses famosos anos de 1990’s, quando ainda os governantes se sentiam encurralados pela supervisão das Nações Unidas e os parceiros internacionais.

Já com alguns apoios orçamentais que chagavam através do envolvimento directo dos Estados Unidos e outros parceiros financeiros internacionais, como o destacado caso do envolvimento do Millennium Challenge Account Corporation, o PAICV, que regressava ao poder em 2001, acabava por governar com um país com melhores condições financeiras que o facilitou na infra-estruturação do país, sob as directrizes técnicas das Nações Unidas.

Contudo, apesar dos últimos 15 anos da governação do PAICV e esses mais recentes 3 do MPD, verifica-se ainda muita relutância dos políticos e governantes em dar passos mais assertivos e abrangentes para diminuir a pobreza nacional, onde, pelo que tenho constatado, mantêm um pé firme nas zonas pobres onde ainda conseguem ludibriar as consciências das populações durante as campanhas políticas.

Recuando um pouco no tempo, ao início dos anos 90’s, aproveito ainda para informar os jovens que muitos agentes das relações exteriores dos Estados Unidos da América tiveram a privilegiada oportunidade de testemunhar a transferência do poder aristocrático e ditador para uma inexperiente governação democrática do país, o que os satisfez pela positiva.

Na altura, a Embaixada Americana na Praia chamou essa mudança governamental de “uma história de sucesso democrática e de desenvolvimento” e descreveu como Cabo Verde podia e pode usar a sua comunidade na diáspora para fazer lobby efectiva no Congresso americano. McNamara serviu como o embaixador americano de 1989-1992 e depois viveu lá como um cidadão americano privado.

Durante esses três anos, o ex-embaixador testemunhou a inquietação existente na sociedade cabo-verdiana.

Na sua visão diplomática Cabo Verde não tinha outra saída senão optar pela abertura política.

A democracia estava chegando, o Murro de Berlim caiu, as mudanças chegaram na Rússia, os regimes marxistas começaram a ser vistos como falidos, política e intelectualmente e, a partir de aí houve um aumento da pressão pela mudança, tanto dentro do partido aristocrata do PAICV que acabaria por ceder às pressões internacionais.

O nosso país estava sendo governado por um governo marxista aristocrata, autoritário e opressivo.

Por essa e outras razões já bem conhecidas, não podemos continuar a ignorar o facto de que até hoje o país não assistiu a qualquer eleição contestada popular ou judicialmente mas que as vozes em ambas tem vindo a aumentar e demonstrando que algo anda muito errado com os políticos eleitos nas listas partidárias e a capacidade intelectual de muitos ou maioria do exagerado número de Deputados Nacionais. Os governantes continuam sendo colocados no poder pelos jovens oficiais radicais que já identificaram a política como uma alternativa ao trabalho convencional.

Está montada uma quadrilha de comissariado para manter o poder nas mãos desses que os oferece a oportunidade de parasitar os cofres do Estado, enquanto o povo Sofredor é sacrificado sem piedade.

Nunca houve uma revolução contra os governos cabo-verdianos, mas as tendências já demonstram algumas mudanças paradoxais.

E sou de opinião que se tivéssemos tido eleições totalmente livres, ou seja sem influência de compras de consciência, a maioria dos cabo-verdianos bem poderia até ter forçado a mudança no Parlamento, no sentido de se mudar o sistema eleitoral e judicial nacional.

Os jovens em serviço dos diversos grupos de comissariados partidários já estão mais ou menos identificados no exercício desse trabalho sujo que já tornou numa saída para evitar exercer uma profissão digna de valores humanas. Esses jovens só querem aprender como desfrutar e abusar dos cofres do Estado para o bem-estar pessoal e familiar.

Até o pequeno grupo de ex-combatentes da liberdade tornou-se num número exagerado (mais do triplo), o que nos leva a ter extra atenção ao mais recente diploma que atribui pensões de 75.000$00 para as vítimas de 1977 e 1981 e seus familiares. Nada contra a decisão, mas todo o cuidado é pouco na nossa terra.

Pois quanto ao número de ex-combatentes da LIBERDADE, os números apontam para menos de cem pessoas e acabaram por cerais de trezentas e com tendências de aumentar anualmente. O MPD regressou ao poder em 2016 com promessas de rever todas essas anomalias e julgar os criminosos e nada e feito. Isso tudo nos leva a crer que ambos os lados da barricada têm gente envolvida nessas manobras sujas e que todos procuram formas de evitar controvérsias que poderão por em causa nomes de destaque político nacional. A maioria nada fez para libertar o país. Alguns eram apenas poetas e alguns poucos eram soldados. Isso era tudo que havia até alguém aparecer com a ideia de compensação mensal para os ex-combatentes da Liberdade da Pátria.

Entretanto, enquanto tudo isso acontece no país, as gerações mais jovens continuam crescendo sem terem oportunidades de aprender e conhecer a real história do país que os viu nascer e crescer. Isso tudo porque os camaradas continuam preocupados em deixar saber as verdades históricas do país que envolvem os momentos negros promovidos por eles os políticos governantes do país.

Todos os anos espero ver um curriculum escolar com essas directrizes mas nunca a história muda.

Porque será?

Nem sequer tiveram a coragem, até hoje de ensinar os estudantes de que a democracia chegou a Cabo Verde porque havia caído o Muro de Berlim e as mudanças chegaram da Rússia com as falências dos regimes marxistas que começaram a ser vistos como falidos, política e intelectualmente.

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Redação