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Mãe, mãos, as nossas mãos
Cultura

Mãe, mãos, as nossas mãos

I

Mãe, mãos, as nossas mãos! Gostaria que não houvessem palavras interditas para que elas passassem a rimar com o silêncio dos herdeiros do Vento e do Sol e da Lua e de se poder orquestrar uma música para o silêncio dos ninhos dos pássaros de fogo. Insuflar-me-ia na loucura empedernida, em céu de cinza segregado pela bruma seca no mês de novembro…. Buscar-me-ia, assim, o milagre para ser Perfume&Flor como o éter subtil e leve...

II

Ó bendita loucura sinalética de Baudelaire em comparar o dantismo com um pôr-do-sol. Triste, me sinto de ter que ficar um dia sem calçado para estugar um pouquinho mais o passo para não se poder cuidar dos ninhos sem ovos. Upa! Upa! Triste, me sinto, outra vez, de não poder comprar um elegante galo Azul nas noites de novembro. Não é Manamá?

III

Triste, me sinto das folhas magoadamente requeimadas pelo Sol d’outubro maldito deixando iminente um hálito de maresia suão. Upa! Upa! Nas ilhas, nunca posso soletrar nou-tra mar-gem a ascensão iguala-se à de cá. Nasci numa ilha altaneira! Upa! Upa! Nem rio está em mim como a areia está na praia. Mas, sou herdeiro de praias douradas. Senão ia oferecer a todos os nascidos, do mês de novembro, estuários de flores li-la-ses.

IV

Existe, sim, margem no meu imaginário das mil metamorfoses que sonhei por que nunca pensei quantas, quantas vai… vai pelas ruas da minha ilha. Assim, a minha ilha fica vazia quando a luz se apaga aqui. Sem Vento e sem Sol e sem Lua. Upa! Upa! Deixo de ver o Azul e nunca mais poderei comprar um elegante galo Azul nas noites de novembro. Não é Manamá?

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Redação