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Saudade da minha cidade (IV)
Cultura

Saudade da minha cidade (IV)

1. Guimarães (!) Não nos enganaram a nós. Na aridez da minha retina ainda fica a imagem de um beato corcundinha absorvido a limpar num frenesim o interior da gótica Igreja de Nossa Senhora da Oliveira em Guimarães. Esqueci-me de tudo o que vi: Janelas rosáceas e redondas no portal central onde tudo é voltado para o céu e para Deus; das arcadas do claustro e do portal da Sala do Capítulo a par do retábulo do altar-mor; do altar de prata da Capela do Santíssimo Sacramento e das grandes telas barrocas que decoram as paredes. Vi flores, flores oferendadas sem royalties. Vi a timidez da luz a refletir nos vitrais góticos e de mãos e dedos de unhas religiosamente pintadas na recitação seriada de orações celestiais no Santo Rosário. Brava (!) Muniadona Díaz, a condessa do Condado Portugalense: célebre, rica e poderosa mulher.

2. Guimarães (!) Não nos enganaram a nós. Lá fora, no Largo da Oliveira, em que a pedra granítica “tapete de pedra” não tem a idade e as mãos, os olhos não perdem a força, e, o desejo é de que chegue o verão. Dão para se perceber - nos semblantes - que os vimaranenses sabem dividir as suas alegrias sem saber dizer o adeus, mais do que qualquer outro Luso. Olhem para o presente, sem embriaguez, e, as palavras, os olhares e as perceções colam-se à soberba paisagem do Alto Douro Vinhateiro e as suas gentes. O granito e o verde da Cidade-Berço são protegidos pelas sombras da memória e do não silêncio. O D. Afonso Henriques e o Castelo de Guimarães (uma espécie de irmão gémeo) estão omnipresentes para iluminar as almas e mentes para não mendigarem. Ó Friedrich Nietzsche perante o que vi e senti (!) Eu ergo a minha voz para convidar a sua alma para interrogarmo-nos juntos novamente “Que encontre de mais humano? Poupar a vergonha a alguém.”

3. Guimarães (!) Não nos enganaram a nós. A espécie de irmão gémeo é leitmotiv da Cidade-Berço associado ao seu emblemático centro histórico para criar e acrescentar valor à urbe no campo da cultura e indústrias criativas. Para depois dizer: “O palco é sempre nosso”. Para receber os seus visitantes e de com eles partilharem o melhor da região. Onde, se o tempo abocanhou, é porque parou de chover com vistas de encher os olhos durante dias primaveris que tanto se come com vistas deslumbrante nos emblemáticos restaurantes: RÉSVÉS ou A COZINHA ou CASA AMARELA com a doçaria artesanal e a própria gastronomia local que tocam nos píncaros da excelência. Também o enoturismo ou ecoturismo é convidativo para se deleitar. Há inúmeros roteiros ecoturísticos urbanos e rurais, de adegas e caves Rotas do Vinho do Porto e Douro. É um excelente pretexto para saborear o aroma dos vinhos, das tradições e cultura das localidades que produzem esta bebida. A minha única tristeza é de Eu ser imberbe para poder provar com um elegante bigodaça: um, dois ou três Douro Vintage.

4. Guimarães (!) Não nos enganaram a nós. Fica a promessa na minha próxima visita à Capital Europeia da Cultura 2012 levarei um bigode postiço do tipo Vintage, um cachimbo Churchwaden “Lesepfeife” e encomendarei um guia Westwing para guardanapos de linho para deixar as nódoas e o cheiro do aroma.

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Redação