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Estórias e comportamentos dos bichos
Cultura

Estórias e comportamentos dos bichos

CAPÍTULO PRIMEIRO

ASSEMBLEIA INTERNACIONAL DOS BICHOS UNIDOS

(Primeira parte)

Conforme dizem, o Leão é rei de todos os animais. É o mais valente e o mais forte. Aliás, o mais forte não, porque o mais forte é o Elefante. O Leão é o mais selvagem, o mais cruel, mais bruto e perverso, fanfarrão e provocador. Da sua focinheira nunca drapeja o mais ligeiro sorriso. Já o Elefante é mais pacato e vive sossegado no seu cantinho, apesar da sua força descomunal. Às vezes atua entre palhaços nos grandes circos cujos espetadores, em grande número, são as meninadas. Só se mostra o quanto pode, o quanto sabe e o que vale, se por acaso, algum bichinho maluco e desaforado ousar-se a mexer com ele. Ah! Aí já… ele mostra-lhe onde é que as mochas [Cabras ou vacas desprovidas de chifres] se deitam. Ele ensina-lhe com quem se deve brincar. Mas o Leão tem a mania de ser petulante, forçudo, carrancudo e convencido de que é o rei, de que é superior aos demais. No seu gabinete, lá pelas savanas da África, ostentava na parede, um belo quadro erigido em ouro e marfim, onde se destacava um faustoso diploma com a sua fotografia e a seguinte narração:

DIPLOMA

Aqui jaz, Rei Leão. Professor Doutor, Pós-doutorado e Investigador em Geografia Científico-Savânica.

Essa tão sui generis frase, talvez tenha sido ditada a algum escriba pelo próprio Leão, na sua bazofiaria. Pois, de escrúpulos ele não tinha nada e desconhecia o que era a vergonha.

Certo dia, ele convocou e reuniu com representantes da maioria dos Bichos numa Assembleia Internacional dos Bichos Unidos – AIBU – a fim de resolver algumas queixas que haviam sido feitas pelos Bichos e contra os Bichos. O encontro deu-se no espaço do Curralona, propriedade de um engenheiro português, Almeida Henriques, que também era dono de SACOFIL – Sociedade Agrícola e Comercial de Santa Filomena, atual empresa Justino Lopes, hoje em franca decadência. Produzia banana que era exportada, todos os meses, para Portugal em grande quantidade. Almeida Henrique possuía uma frota de camiões pesados, dos quais me recordo do «Kulunban» e «Nha Katrina», conduzidos pelo Fausto de Linda e Benvindo de Nha Ida, que também eram mecânicos nessa Empresa e eram dos poucos que havia na freguesia de Santiago Maior. Curralona situava-se na localidade de Achada Fátima, em Pedra Badejo, freguesia de Santiago Maior, concelho de Santa Cruz, ilha de Santiago, na república de Cabo Verde e na Costa Ocidental da África. Almeida Henriques era ainda proprietário da maioria dos sequeiros dessa freguesia, nomeadamente nas localidades de Santa Cruz, Ribeirão Boi, Serelho, Bianga, Via Curta, Ponta Alta, Bandã, Achada Cruz, Porto Fundo e toda Achada Fátima.

Muitos dos Bichos vinham acusados de se meterem e se intrometerem com outros Bichos, de se bedelharem com colegas que eram fisicamente mais débeis, emocionalmente mais fracos e economicamente menos amuniciados. Cada espécie estava representada por um dos seus membros, criteriosamente escolhido por sufrágio natural e validado pelo majestoso Leão. Apenas não estiveram presentes, nem representados naquela Assembleia, a Baleia, o Elefante e o Tubarão. A Baleia e o Elefante eram os únicos sobre os quais não recaía nenhuma acusação. E eles também não tinham apresentado queixa contra qualquer outro Bicho. Embora, de forma sorrateira e amiudadamente, vinham sendo alvo das pérfidas ações dos Homens-Bichos que os alvejavam com tiros de Bóka-Bedju [Pistola de fabrico artesanal, muito utilizado para cometer crimes em Cabo Verde]. Aos Elefantes eram roubados os seus dentes de marfim e comercializados a preço do ouro, ou da tinta para impressoras ou tonner para as máquinas fotocopiadoras a laser. Quanto à Baleia, invejavam-se do seu prestigioso óleo que era usado especialmente como combustível para iluminação das casas e ruas, como lubrificante e na fabricação de sabão e até mesmo margarina.

O Leão aparentava um aspecto nobre, espelhado sobretudo na elegância de uma juba que lhe ia desde a nuca até ao hercúleo lombo. Trajava uma sumptuosa indumentária, de um requinte pomposo, cor caqui, que lhe conferia o aspeto de um distinto oficial de alta patente no ativo. Umas calças e uma camisa do tipo balalaica desmentiam os que da sua nobreza duvidavam. E paradoxalmente, sempre que levantava as patas e caminhava em passos cadenciados, a pomposidade de sua marcha deixava sulcada na mente de cada observador, a imagem de um soldado armado a marchar rumo ao Quartel. Trazia enrodilhado ao pescoço um cachecol castanho-escuro que, não sendo reparado meticulosamente, se podia confundir com a barba de um respeitável político, quiçá, de um emérito Combatente da Liberdade da Pátria. Olhou para o relógio, levantou a cara e deu um checove [observadela] à ampla sala, e constatou que a plateia ainda não estava totalmente cheia. Retorceu o fendilhado focinho, afunilou as narinas, abanou a cabeça, olhou para o lado e esfuziou um pouco desalentado. Algumas bichonalidades [Equivalente a personalidades] de altos quilates ou de importância relevante estavam ainda a faltar. Mas mesmo assim ele anunciou o início da sessão, sob a dissimulada fealdade da sua fuça arrufada. Começou por averiguar a identidade dos ilustres mandatários ou, simplesmente, os afames representantes de cada estirpe de Bicho, verificando-lhes a autenticidade das respetivas procurações. Procedeu-se à apresentação e discussão da Ordem-do-dia, para de seguida constituir a composição da mesa e atribuir tarefas aos membros que dela farão parte. Mas esse procedimento não foi, de todo, consensual. A deputada Mosca, estribada na sua atrevida faculdade de se imiscuir, advertiu o Chefe dessa grosseira falha, no período antes da Ordem-do-dia. E gerou alguma celeuma dentro do hemiciclo que, por pouco, não descambou numa invulgar animosidade. E corroborada por mais alguns deputados, a deputada Mosca questionou, que seria uma ofensa aos princípios doutrinalmente estabelecidos. Pois, a primeira coisa que se devia ter feito era a composição da mesa e, só depois é que se deveria apresentar a Ordem-do-dia e proceder-se com a leitura do relatório e da ata da última Assembleia, pela voz da Secretário ou do Secretário daí emanado. Mas o Leão não conhecia esses detalhes, pelo que não fez muito finca-pé. Ele era chefe, mas não tinha capacidade nem competência para o ser. Mal sabia escrever o próprio nome e, com muita dificuldade conseguia ler algo. Era rei por imposição natural, por herdar de forma dinástica o trono por vias ou imperativo da força. Falava apenas duas línguas e, foneticamente muito mal articuladas: o Crioulo na variante do Engenho de Santa Catarina que aprendera em casa com os pais e, o Quimbundo do seu país natal, Angola. Mesmo assim, a sua pronúncia era toldada por arrebiques, influenciadas pelas demais variantes como Umbundu, Kikongo, Tshócue, Nganguela e Kwanyama. E era muitas vezes, embora de forma velada, caçoado pelos zombadores fúteis, useiros e vezeiros em chacotear com tantos outros bobos do poder que há por aí neste mundo desgovernado. Então a mesa foi constituída e, ao Pombo, na qualidade de Secretário indigitado, o Leão pediu-lhe que fizesse a leitura do relatório e explanasse, em resumo, a ata da sessão do pretérito ano. Essa escolha recaiu sobre o Pombo, por ser dos poucos que possuía pena e sabia usá-la para escrevinhar. Sendo assim, apontava os tópicos e elaborava uma ata final, ou seja, redigia um documento para a memória futura.

Só depois da apresentação do relatório e da explanação do resumo da ata do precedente ano, se seguiu a discussão e a aprovação da Ordem do Dia. E por esse atrevimento da Mosca valeu-lhe o cargo de Delegada do Conselho Fiscal em substituição do Kutubenben que foi despedido na hora e por justa causa, sem direito a indemnização, por se terem verificado que ele só andava de marcha atrás e construía casas clandestinas em todos os campos e achadas. A Aranha que também tinha sido indigitada Vogal do Conselho Fiscal, chegaram a conclusão de que era muito exigente, que gostava de andar sempre na linha, foi preterida pela Formiga, igualmente sem direito a nem um centavo de indemnização. Ficou com mãos a abanar, uma à frente e outra atrás. Pois, a Formiga, tão parva que era, não conseguiria retirar, à força, os balaios às rabidantes para deitar mercadorias nos contentores do lixo. E ainda, enquanto ela se entretivesse a sorver o doce mel de cana sacarina que, astuciosamente e com o propósito exclusivo de a subornar, lhe ofereciam as rabidantes, estas ficariam à-vontade e transformavam Riba Praia [Platô, centro da cidade da Praia] numa autêntica Sucupira ou rampa de Ponta Belém e, deste modo, nas futuras eleições não há quem lhes compre os valiosos votos, que não o Partido que esteja no poder.

Mas as consequências com a Aranha não ficaram por aí. Passou a sofrer represálias e revanches de vária ordem. Como membro do Conselho Fiscal, a morada oficial teria que ser, excecionalmente, na capital do país e com toda a mordomia quitada do erário público. Os estatutos são equiparados aos dos membros do Governo, dos Diretores-gerais e dos Deputados. Um salário bom que os dissuade de qualquer tentação de praticar corrupção, com subornos ou assaltos aos cofres públicos; subsídio de renda de casa – mesmo morando em casa própria – equivalente a 90% do invejado ordenado mensal. Apenas os PCA’s das Empresas Públicas, lugares ocupados – exclusivos – pelos ex-governantes, usufruem de um ordenado muito maior. Têm direito a verbas de representação para comprarem fatos decentes e até Whisky velho para as receções oficiais de congéneres nacionais e/ou internacionais; viaturas topo de gama com 0 km, vidro fumado, ar condicionado e equipado com computador de bordo e comando de voz para se estacionar sozinho; viagens e hotéis – tudo pagos – em deslocações ao exterior; ajudas de custos nas frequentes deslocações em serviço ou na paródia, desde que justifiquem; luz, água, telefone e Internet com consumo ilimitado e à borlex; a cada ano recebem um iPhone de última geração, também com chamadas ilimitadas enquanto dure o seu mandato. Mas à infeliz Aranha foram imediatamente retiradas todas essas benesses e mordomias. Desempregada e sem ter onde morar, passou-se a dormir nas paredes e nos tetos das casas ocupadas por ex-colegas. Estes tinham empregadas pagas pelo Estado para lhes limparem as casas desde o soalho ao telhado, da cozinha à casa de banho. E à desventurada Aranha, as empregadas davam constantes vassouradas, às vezes sugavam-na com aspirador, como se instruídas para assim o fazerem. Inconformada com a insuportável forma de vida que levava, resolveu fazer uma jornada ao interior da ilha de Santiago. Apanhou um Hiace e desceu em Achada Fátima, no concelho de Santa Cruz. Entrou na taberna da Zita Branca e do Nezinho Lobo Tavares, pediu um grogue e bebeu, depois foi fazer xixi na empena da casa. Não se sabe se por sorte ou azar, fez xixi em cima do Ranho que ali fora atirado havia poucos minutos. O Ranho ficou fulo e kobou so fedi [Descompôs-se, ofendeu a alguém] sem olhar para o lado. Pôs-se a reclamar da desgraçada vida que levava, morando na Fora, [Nos conselhos ou freguesias nas periferias da ilha de Santiago, distantes da cidade da Praia] onde nada e ninguém o respeitava. Pois, era retirado do aconchego do seu nariz, com dois dedos e atirado ao chão sem o mínimo de consideração. E como se não bastasse que tantas vezes o pisassem, vem agora a Aranha mijar-lhe em cima. E todos sabem que a urina de Aranha contém uma substância corrosiva que provoca borbulhas se atingir os beiços. Condoída com a situação do colega, a Aranha contou-lhe da sua desventura na cidade da Praia.

Acabaram-se entendendo e propuseram permutar residência e serem-se resilientes. O Ranho ia morar-se no Platô, na cidade da Praia e a Aranha ficaria a residir em Santa Cruz, lá pelo Monte dos Rebelados. O negócio foi perfeito. Trocaram os contactos: número de telemóvel, e-mail, Facebook e ficaram todos bem servidos e muito contentes. Uma semana depois, o telefone da Aranha, um choca pique que encontrara ao pé de um contentor – tinham-lhe retirado o iPhone para o seu epígono – tocou e ela respondeu:

– Estou! Quem fala, se faz favor?

– Aranha?! – exclamou Ranho, todo espevitado.

– Sim. Sou eu. Quem fala?

– Sou eu o Ranho, Aranha! Tentei ligar-te com o vídeo do Messenger mas tu não estás com rede.

A Aranha ficou contente e quase chorou de emoção.

– Olá, meu querido Ranho! Desculpa lá, mas eu agora tenho um choca pique que não tem câmara. Que não apanha Internet. Só dá para fazer e receber chamadas. Mas está sem saldo… só recebo chamadas. Como estás aí no Platô?

– Muitíssimo bem. Sempre nos bolsos dos senhores e nas carteiras das senhoras. Já não tenho aquelas dores nas ilhargas como quando vivia lá Fora.

Garantiu Ranho, com uma voz quase emocionada. Porém, a reação da Aranha veio logo:

– Sempre nos bolsos dos senhores e nas carteiras das senhoras? Mas o que é isso larápio, ladrãozinho sem vergonha? Pediste-me para trocar de morada contigo para ires meter a mão nos bolsos dos senhores e nas carteiras das senhoras? Ah? É isso, seu malandro e aldrabão?

– Não, amiga Aranha – fez questão de explicar – Aqui os Bichos são mais educados do que lá Fora. São muito civilizados. Eles exigem respeito, mas também sabem respeitar os outros. Eles não me atiram ao chão como me faziam lá Fora. Põem-me num lencinho bem lavado e engomado, com toda a delicadeza me embrulham e, os senhores metem-me no bolso de suas camisas e as senhoras nas suas malas e passeiam comigo para todo o que é sítio. Praia inteira. Em hotéis, restaurantes, parlamentos, gabinetes… estou rai-di sábi [Estou muito contente, muito feliz, muito alegre, muito divertido], amiga Aranha. Estou contente. Ainda há bocado vim do Praia Shoping, lá do Calú e Ângela dentro do bolso de um Ministro, num Prado com os vidros fechados e o ar condicionado ligado. Imagina só, como me livrei do calor que aqui se faz! Há coisa de três dias foi uma senhora… uma senhora branca… uma turista que me meteu dentro dos seus seios.

– Uma quê? – perguntou Aranha muito admirada.

– Turista! Por amor de Deus não confunde com terrorista. Não foi isso que eu disse. Desses até tenho medo. Foi uma turista que me meteu dentro dos seus seios e fiquei lá a brincar com os mamilos dela. Já dizia o guineense Chachá de Charme, que Praia e sábi [Aconchegante, agradável, bonito, delicioso, divertido, encantado, saboroso].

– Praia é sábi, mas é perigo – Disse Aranha ao amigo, o agora capitalista.

– Não acreditas que até já aumentei alguns quilinhos? E já mudei de cor? Às vezes fico amarelado… outras vezes esverdeado.

– Então estás como aquele bichinho verde. O Camaleão. Ele é que cada hora está de uma cor.

O Ranho fez uma risada prolongada.

– Então não?! É que aqueles bakans [Tolos], como moravam lá para o lado de Djanban [Uma localidade no concelho de São Miguel], e agora que são políticos e obrigados a residirem-se na Capital, nunca tinham visto ou usufruído do ar condicionado, usam-no sem respeito, sem restrições e sem cuidado.  

– Pois, usam tudo na ka kusta! [Sem custar nada] Tudo na fabal! [À borla, gratuito]

– Claro! Quem paga é o Estado! E os desgraçados, como não estão habituados, apanham aquela doença que eles chamam Constipação, eu fico gordo e mudo de cor. A casa deles… quer dizer, onde eles moram e o Estado paga com o nosso dinheiro, e nos gabinetes onde estão juntos por algumas horas, têm AC até no sítio onde fazem aquela coisa que lá Fora faziam no kobon. [Achada ou descampado onde se faz as necessidades; fundo, ribeira ou vale].

– Tu tens sorte! E eles também! Eu nem cheguei a tomar posse… fui logo despedida.

– Tiveste foi o azar. Eu já sou tão importante que quando mudo de cor, não me chamam mais Ranho. Chamam-me Catarro. Que nome chique! Adorei.

– O mundo dá voltas! Pena é que dá voltas, mas vem parar sempre no mesmo sítio. Quero ver quando esses macabeus [Bandidos, palermas] deixarem a política e regressarem para Fora…

– O traseiro deles estará fino, não irá querer aceitar ser novamente limpado com pedras, lhes vão fazer feridas na cadeira – completou Ranho.

– Vão ficar a andar ragatxadu! [Com pernas arqueadas] – mangou Aranha. – Estão agora a comer do bom e a usufruir do melhor, quando regressarem a Fora, não vão achar sábi comer cachupa-de-ontem, nem beber água do pote, nem ir ao kobon e limpar cadeira com pedras. E muitos vão outra vez correr atrás de macacos para não estragarem o «lugar». [Milheiral, campo semeado com milho].

– Eu não sou político, mas estou aqui rai-di sábi! [Muito feliz] Praia é mesmo sábi.

– Graças a mim. – remoqueou Aranha.

– É verdade. E Deus te paga – agradeceu Ranho. – Aqui não sou esmagado com as costas das mãos, nem latxidu no chão [Atirado bruscamente ao chão] como uma abóbora. Os meninos daqui nem pensam em lamber-me. Eles têm gelados, têm fresquinhas, têm chupetas e chupa-chupas. E têm ainda uma coisa muito parecida comigo, que se chama gelatina.

– Eu também estou aqui «riba kanporta». [Numa boa] – disse Aranha e explicou, por sua vez, a sua felicidade lá no interior de Santiago. – Ninguém me incomoda, ninguém se preocupa comigo. Durmo cada dia numa casa e onde eu quiser: no quintal, nos quartos, na sala, no teto, dentro dos armários, em todo o sítio. Nas casas de banho e nas cozinhas não durmo por que não há. Aqui todos vão dar de corpo lá «kobon» e limpam o rabo com «matacãs». [Pedaços de pedra]

– Já vi que estás «sabi mé».

– Aqui não é como no Platô que limpam a casa toda a hora e andavam sempre a dar-me vassouradas. Aqui não. Aqui tudo é diferente. Como se fosse tudo meu. Estou a surfar na minha onda, amigo Ranho.

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