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O pior momento de sempre [o ano da Seca e da Pandemia] e o melhor Governo que se tem memória
Colunista

O pior momento de sempre [o ano da Seca e da Pandemia] e o melhor Governo que se tem memória

Tem sido precioso o apoio do governo ao maior número de famílias mais vulneráveis, e na qualidade de um governo responsável toma a dianteira em apoiar nestes três anos milhares destas famílias. As camaras municipais parceiras executaram um conjunto de atividades que se não fossem realizadas a fome seria real e pesarosa. Testemunhas é que não faltam, qualquer um pode perguntar ao vizinho se foi ou se tem conhecimento de algum familiar ou conhecido que foi abrangido pelo apoio do governo. Este tem sido o pior dos anos de anos, de toda a história do país: os anos da governação com a seca e a Pandemia.

O modelo é Toyota Hilux, cinco passageiros em silencio no percurso Órgãos à Santa Cruz. Cumprido metade do percurso, de nada, o mais velho entre os viajantes reclama:

– Há muito que não se via tamanha razia. Se fosse noutros tempos seria um desastre. Os mais velhos diriam que era castigo de Deus, hoje ninguém fala de Deus. É a natureza! O que eu sei é que há muito que não si via tal coisa.

Só o ancião falava e ninguém teve a ousadia de lhe responder. Concordamos com a afirmação com uma vénia e sinal de concordância com a cabeça. Nada mais que verdade, nenhum de nós sabíamos o que foi a Fome. Fica a imaginação de que seria algo realmente medonho e feio. Na paragem à subida de Libron, salta um dos jovens [com um semblante carregado, o dia não lhe valeu muito em trabalho. Milhares de postos de trabalho se foram], tinha que esperar um outro veículo e teria de subir a montanha até à povoação. Prosseguimos à viagem, e nesta altura o ancião pensativo, voltou a retorquir:

– Isto só pode ser castigo divino. Há pouco tempo havia campos de bananeiras e de canaviais por esta ribeira, era difícil encontrar uma pessoa no meio das hortas e plantações. Hoje conseguimos enxergar um bicho qualquer de outro lado da Ribeira Seca. Restam pequenos canteiros, sinal de que existe alguém corajoso entre os pecadores.

Este diálogo mais para monologo pode parecer fastidioso para o leitor, mais acreditem! O cenário, para quem conhece toda a Ribeira Seca era (e continua a ser medonho). O retrato é angustiante e desencorajador. Partilho da mesma ideia do ancião, só a coragem para manter uma criatura aqui. E só uma força sobre-humana para assegurar qualquer vivalma nesta terra agreste, igual as narrativas angustiantes das obras literárias dos Claridosos ou dos versos agridoce de José Luís Tavares.

O que não falta são testemunhas, Cabo Verde vive atualmente um dos mais longos períodos de estiagem da sua história, o caminho que estamos a percorrer é a via do calvário, o itinerário da morte noutros tempos, como foi a Fome 47. Pela dor hoje, o caminho da seca que já foi da agustia extrema, sim é da penúria. Nestes últimos três anos a solidariedade entre os cabo-verdianos foi das mais sentidas e exercidas e o resultado tem sido extraordinário vamos continuar a atravessar o mau tempo minguando a nossa dor num esforço coletivo grandioso. O trabalho de todos tem sido gratificante, por ser de todo e principalmente por ter no governo de Ulisses Correia e Silva um dos homens de fé e de amparo. Tem sido precioso o apoio do governo ao maior número de famílias mais vulneráveis, e na qualidade de um governo responsável toma a dianteira em apoiar nestes três anos milhares destas famílias. As camaras municipais parceiras executaram um conjunto de atividades que se não fossem realizadas a fome seria real e pesarosa. Testemunhas é que não faltam, qualquer um pode perguntar ao vizinho se foi ou se tem conhecimento de algum familiar ou conhecido que foi abrangido pelo apoio do governo. Este tem sido o pior dos anos de anos, de toda a história do país: os anos da governação com a seca e a Pandemia.    

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SOBRE O AUTOR

Rony Moreira

Poeta, escritor, sociólogo, cronista